COMENTÁRIO
SCARCELA JORGE
EM BUSCA DO IMPEACHMENT.
Nobres:
Independentemente dos cálculos sobre a quantidade de
pessoas que participaram diretamente das manifestações
de domingo em centenas de cidades brasileiras, incluindo todas as
capitais, não pode haver dúvida de que foi a indignação com a corrupção e com
os erros do governo que encheu as ruas e praças do país. As multidões que
vestiram de verde e amarelo para protestar neste segundo domingo de março
manifestaram-se inequivocamente contra a permanência da presidente Dilma
Rousseff no comando do país, contra a hegemonia do PT e de seus aliados na
política nacional e a favor do juiz Sergio Moro e da Operação Lava-Jato. Foi,
acima de tudo, um aval explícito e sonoro de parcela da população brasileira
para o processo de impeachment que já está em andamento no Congresso e que terá
seu rito definido pelo Supremo Tribunal Federal ainda nesta semana. A
manifestação de domingo somada à posição adotada pelo PMDB na convenção
nacional do último sábado, fragiliza ainda mais o apoio da presidente no
Congresso Nacional. O partido de o vice-presidente Michel Temer, como se sabe,
proibiu seus filiados de assumirem novos cargos no governo nos próximos 30 dias
e decidiu adotar uma posição de independência no parlamento, enquanto decide se
rompe ou não com o governo. O impasse político é grave e delicado. Embora o
Congresso seja extremamente sensível à pressão popular, não há como ignorar que
pelo menos 22 deputados e 12 senadores já foram denunciados pelo
procurador-geral da República como beneficiários das irregularidades apuradas
na Operação Lava-Jato. Além disso, é preciso considerar que os substitutos
imediatos da presidente, em caso de afastamento, seria seu vice, que também
pode ser cassado junto com ela pelo Tribunal Superior Eleitoral ou o encrencado
presidente da Câmara igualmente alvo de processo de cassação. Mas os problemas
da democracia sempre podem ser resolvidos com mais democracia. Assim como as
manifestações de ontem foram realizadas de forma ordeira e pacífica, também há
espaço para a busca de soluções constitucionais para a crise. Ainda que, pelas
pesquisas, o impeachment presidencial seja a vontade da maioria da população,
caberá à parte sadia do Congresso e ao Judiciário zelar pela legitimidade do
processo e pela integridade da Constituição, deixando de lado que os lulistas
diziam do golpe, golpe este, que “eles lulistas” tentaram aplicar no povo
brasileiro como estelionatos, formação de quadrilha, ainda no ocaso de suas
ações de (dês) governo empreendem os últimos desejos excelentemente corruptos.
Antônio
Scarcela Jorge.
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