sábado, 19 de março de 2016

COMENTÁRIO SCARCELA JORGE - SÁBADO, 19 DE MARÇO DE 2016

COMENTÁRIO
SCARCELA JORGE


TRANSFORMOU EM PESADELO

“ CONTO"

O PODER DA UTOPIA!

Nobres:
Um dia a sociedade sonhou que Luís era um feiticeiro de mão cheia. Vivia no Reino da Utopia, governado pela Rainha de Pasadena. Dizem que Luís dominava o feitiço de fazer ouro fácil, mas abusou tanto que acabou enfeitiçado. Sua história é triste, apesar de se iniciar bela. Era um feiticeiro carismático provindo da plebe, gozava de ampla popularidade entre os menos favorecidos e costumava dizer que era a viva alma mais honesta do reino. Luís prometeu que usaria seu feitiço para ajudar os plebeus e escravos, entretanto, fez um pacto sujo com os nobres poderosos do castelo e a eles dispôs seu feitiço surrupiando o ouro da plebe. Assim, dominaram e depredaram o patrimônio das fábricas do reino.  Luís era ignorante, não tinha estudo, prometeu aos nobres que o feitiço os impediria de serem descobertos e achou que o Reino da Utopia possuía ouro o suficiente para suportar as pilhagens. Então, veio a crise e as fábricas enfraqueceram. Evidentemente, Luís ficou rico com os nobres crápulas, mas o castelo encantado ruiu e a plebe continuou na miséria. A desconfiança pairou sobre ele e seus comparsas, mas Luís tinha poderes sobre a Rainha de Pasadena e também influência na Corte Suprema do reino. Acontece que o reino também tinha Tribunais Inferiores, que não podiam ser comprados e funcionavam mantendo a ordem social. Certa vez, um desses justiceiros, a quem chamavam Morus, resolveu investigar as suspeitas que pairavam sobre Luís. Morus, então, mandou à masmorra alguns nobres íntimos do feiticeiro e lhes ofereceu punição menor em troca de informações. Muitos se negaram, mas alguns falaram. Insinuaram que Luís era o mentor do conluio e havia desviado muita riqueza com os nobres, assim como repassado parte do ouro suado da plebe a seus filhos que, antes de o pai virar feiticeiro, não serviam para muita coisa. Porém, Morus ainda não tinha provas, só acusações. Então, enviou seus guardas a fazerem uma devassa em locais que seriam espólios obscuros de Luís. O feiticeiro revoltou-se, acusou Morus de perseguição e mandou colocar seus protocolos naquele lugar. Mas uma ironia do destino se deu. Luís, que tinha o apelido de “o pai dos plebeus”, por assim se dizer defensor, foi surpreendido por eles. A vingança da plebe ocorreu de forma indireta e não intencional, até onde se sabe. Enquanto Luís havia combinado sua defesa com os nobres, esqueceu de combinar com os plebeus. Pois quando os guardas de Morus chegaram a um sítio suspeito de envolver Luís, quem o entregou foi o caseiro, aparentemente, sem querer. Da mesma forma, quando os guardas foram até uma elegante estalagem toda reformada de frente para o mar, quem o entregou foi a faxineira. Ademais, quando eles foram até onde o feiticeiro morava, o porteiro, inocentemente, revelou no mesmo local outra propriedade, além da que os guardas procuravam. Que ironia do destino! Luís fora malogrado pela plebe!
Quando a casa caiu, a Rainha de Pasadena saiu em defesa do feiticeiro. Entretanto, sua moral entre os súditos era baixa e sua popularidade desprezível. Mas ela insistia na frágil defesa do feiticeiro, cujo feitiço não enfeitiçava mais. Até os justiceiros da Corte Suprema, antes fiéis, perceberam que os dois eram uma furada e passaram a endossar pareceres favoráveis à investigação. A Rainha ainda fez uma última tentativa para salvar Luís, deu uma “passadina” na casa dele a fim de prestar-lhe solidariedade. Enfim, Luís, sua esposa e a Rainha de Pasadena foram à varanda zombar da plebe que, por um instante, sonhou com um suicídio coletivo. E o que vem depois? Bem, a lógica diria que Luís foi para a masmorra e a Rainha, será deposta. O problema é que, no reino da Utopia, tudo pode acontecer. Haja paciência da plebe. ETA País!
Antônio Scarcela Jorge.

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