BRASÍLIA - A oposição aguarda apenas um posicionamento
do STF sobre o rito do pedido de impeachment para retomar o processo contra a
presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional, afirmaram lideranças nesta
segunda-feira, um dia após manifestações de rua contra o governo.
A avaliação é unânime em apontar que as mobilizações
do domingo forneceram combustível ao processo de impedimento de Dilma, apesar
de algumas situações de hostilidade voltadas a dirigentes da oposição, caso do
senador Aécio Neves (PSDB-MG), e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin
(PSDB-SP), alvos de vaias durante os protestos.
"O impeachment ganha uma energia extraordinária.
Os parlamentares, agora, se vêm obrigados, claro que respeitando o rito, a
votar o impeachment da presidente imediatamente, não se pode perder um minuto,
temos que instalar o quanto antes", disse à Reuters o líder do PSDB na
Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA).
O Supremo Tribunal Federal (STF) deve analisar, a
partir da quarta-feira desta semana, recursos sobre a decisão da corte de
dezembro do ano passado, em que delimitou uma série de regras para a tramitação
do processo de impeachment.
Assim que o tribunal se pronunciar sobre os chamados
embargos de declaração, dará uma resposta definitiva sobre os questionamentos,
destravando o andamento do processo, que aguarda análise na Câmara dos Deputados.
A tônica de que é preciso dar continuidade ao pedido
com celeridade é a mesma do líder da bancada do DEM na Casa, Pauderney Avelino
(AM), que encarou as manifestações como "históricas". O líder afirma
que a população "passou um recado muito claro aos três Poderes da
República".
"Agora cabe ao Congresso Nacional fazer sua
parte, assim que houver a decisão do STF sobre o rito. No Congresso, as coisas
tendem a andar mais rápido, sobretudo quando a população vai às ruas e faz essa
cobrança", disse o deputado do DEM.
O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB),
avalia que o Congresso tem o dever de reagir e dar respostas às manifestações,
sob o risco de criar "frustrações". Prefere, no entanto, a via
judicial para encerrar o mandato de Dilma. Tramitam quatro ações no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) contra a chapa da presidente.
"Confio muito mais na saída do TSE. Em uma
democracia doente como a nossa, com o quadro de infecção generalizada pela
bactéria da corrupção, o único remédio é o voto para fazer nascer um governo
legítimo", disse Lima.
Se
o TSE decidir pela cassação ainda este ano, perdem o posto Dilma e o vice
Michel Temer e novas eleições terão de ser realizadas.
Os três líderes consideraram hiper dimensionadas as
vaias e críticas a Aécio e Alckmin no domingo.
"Você tem lá 1 milhão de pessoas, e claro que ali você vai encontrar pessoas com os mais variados sentimentos. Isso não altera a estratégica, a gente recebe isto como uma mensagem, é absolutamente natural", disse Imbassahy.
As manifestações realizadas em todo o país contra o
governo no domingo se transformaram em importante combustível para o processo
de impeachment contra Dilma. Além disso, no sábado, o PMDB decidiu em convenção
nacional dar um "aviso prévio ao governo".
Apesar de não ter formalizado o desembarque, o maior
partido da coalizão governista anunciou que em até 30 dias a Executiva da
legenda irá apreciar as moções que pedem a saída do governo ou pelo menos a
declaração de independência das bancadas no Congresso, o deve fragilizar ainda
mais a posição de Dilma.
Fonte: G1 – DF.
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