Diretório nacional do partido se reunirá para anunciar decisão.
O PMDB deverá confirmar nesta terça-feira (29), em uma
reunião do diretório nacional, a ruptura já esperada com o governo da
presidente Dilma Rousseff.
A expectativa é que a decisão ocorra com a conseqüente entrega de cargos ocupados por peemedebistas e seus indicados.
Diante do iminente desembarque da base aliada, o
ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, já apresentou a
sua carta de demissão na segunda-feira (28).
O partido ainda à frente de
outras seis pastas (Saúde, Agricultura, Ciência e Tecnologia, Aviação Civil,
Portos e Minas e Energia).
Principal legenda da base aliada, o PMDB detém a maior
bancada na Câmara dos Deputados, com 68 parlamentares.
O apoio ao governo,
porém, nunca foi unânime dentro da sigla e as críticas se intensificaram com a
crise econômica e a deflagração do processo de impeachment.
O diretório nacional do PMDB tem 119 integrantes, mas
com direito a 155 votos, alguns membros têm direito a mais de um voto, de
acordo com o número de funções que acumulam no partido. A decisão sobre o
rompimento, porém, deverá ser
por aclamação, sem contagem nominal de votos.
O acordo para que seja por aclamação foi costurado
pelo vice-presidente da República, Michel Temer, presidente nacional do PMDB.
Segundo a assessoria de imprensa dele, Temer não deverá comparecer à reunião,
convocada para começar às 15h em um dos plenários de comissão da Câmara dos
Deputados.
O motivo oficial da ausência dele é para evitar
influenciar na decisão, mas, nos bastidores, Temer participou diretamente das
articulações com caciques da sigla.
Na noite de domingo (27), ele chegou a se
encontrar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Paulo. A
expectativa do petista era tentar convencê-lo a manter o PMDB no governo.
No
entanto, o recado foi que a saída seria "irreversível".
<Dilma também lançou mão dos últimos esforços para
tentar resgatar o apoio do partido. Na manhã de segunda, ela chamou ao seu
gabinete no Palácio do Planalto seis dos
sete ministros do PMDB para avaliar o cenário.
No entanto, no fim do dia,
Henrique Alves, um dos presentes ao encontro, já apresentava a sua carta de
renúncia.
A discussão sobre a ruptura do PMDB com o governo
ocorre em um momento delicado para a presidente Dilma Rousseff, que é alvo de um
processo de impeachment deflagrado pelo presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos seus maiores desafetos.
Desde o ano passado, os atritos do PMDB com o Palácio
do Planalto aumentaram. A pressão para que a legenda deixasse a base ganhou
corpo na convenção
realizada no último dia 12 de março.
Na ocasião, os peemedebistas decidiram
que a cúpula do partido teria que se encontrar em até 30 dias para tomar uma
decisão e, até lá, nenhum filiado poderia assumir cargos no governo.
No entanto, dias depois, a presidente Dilma ignorou a
decisão e empossou o
deputado licenciado Mauro Lopes (PMDB-MG) como ministro da Secretaria
de Aviação Civil.
A nomeação foi vista como uma afronta pelo partido, que abriu um
processo no seu Conselho de Ética para expulsá-lo da legenda. O episódio
ajudou a agravar a crise e acelerou a decisão do partido.
Sob o comando de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) desde o
início de 2015 o que coincidiu com o começo do segundo mandato de Dilma, a
Câmara derrotou o Planalto em diversas ocasiões com a votação de matérias
desfavoráveis ao governo.
Além disso, no ano passado, houve na Casa a instalação
da CPI da Petrobras, para investigar o escândalo de corrupção na estatal.
Para tentar conter a rebelião na base, a presidente
Dilma Rousseff promoveu no ano passado uma reforma ministerial para ampliar o
espaço do PMDB no governo, que chegou a ter sete ministérios. No entanto, a
estratégia não foi bem sucedida.
Para agradar os parlamentares na Câmara, o governo entregou ao líder da bancada, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), a incumbência de indicar nomes para duas pastas, incluindo a da Saúde, com o maior orçamento da Esplanada.
Essa
aproximação descontentou ainda mais a ala rebelde do partido, que se voltou
contra Picciani quando ele indicou integrantes menos críticos a Dilma para a
comissão do impeachment.
Ele chegou a ser destituído do posto em dezembro por oito dias em uma articulação patrocinada diretamente por Temer e Cunha, mas conseguiu reaver o posto com o apoio da maioria.
Para ser reeleito neste ano, foi preciso uma atuação direta do Planalto para garantir a ele votos suficientes, inclusive com a exoneração temporária do ministro da Saúde, Marcelo Castro, para reassumir como deputado e votar a favor de Picciani.
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