LULA DIZ QUE AINDA HÁ CHANCE DE
MANTER PARTE DO PMDB NO GOVERNO.
Ex-presidente
disse ver com 'certa tristeza' partido deixar governo Dilma.
'Vamos ter uma espécie de coalizão sem concordância da direção', afirma.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que vê
com "certa tristeza" a possibilidade de o PMDB deixar o governo
Dilma, mas acredita que ainda há chance de um acordo que mantenha parte da
legenda na base de apoio governista.
Disse também que quer participar das decisões
do governo mesmo que seja na condição de conselheiro, caso não consiga tomar
posse como ministro.
"Pelo que eu estou sabendo, os ministros do PMDB
não saíram do governo e nem a Dilma quer que eles saiam.
O que eu acho que vai
acontecer é o que aconteceu em 2003: o governo vai construir ainda uma base com
parlamentar do PMDB no Senado e na Câmara e vamos ter uma espécie de uma
coalizão sem a concordância da direção", disse Lula.
Ele destacou que tem uma experiência histórica de
relação com o PMDB, e conhece bem o partido.
"É um partido com muita força
regional, você tem o PMDB em cada estado com muita autonomia.
"Quando eu
ganhei as eleições em 2003, no primeiro momento o PMDB não me apoiou, o PMDB
participava do governo, uma parte do PMDB na Câmara me apoiava, uma parte do
PMDB no Senado me apoiava. E nós conseguimos governar.
O concreto é que o PMDB
me ajudou a governar este país no primeiro mandato.
"No segundo mandato, nós então fizemos um acordo
com o PMDB e o PMDB teoricamente decidiu me apoiar e ainda assim a gente nunca
teve todo o PMDB.
Você tem vários estados que as pessoas não querem apoiar o
governo porque são inimigos no PT no estado e agem assim. Então, o que que eu
acho: eu lamento, eu lamento.
Eu vejo com uma certa tristeza o PMDB abandonar o
governo."
As declarações foram dadas em entrevista a jornalistas
estrangeiros em São Paulo nesta segunda-feira (28).
"Pode acontecer o que aconteceu em 2003 de ter
uma coalizão sem a concordância da direção" disse Lula, segundo relato
publicado em O Globo.
Lava Jato.
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Na entrevista, Lula também comentou o papel do juiz
federal Sérgio Moro, que comanda a operação Lava Jato.
"Tudo o que se sabe do juiz Moro é que ele é uma
figura inteligente, competente, mas como ser humano eu temo que a mosca azul
faça seus efeitos", disse Lula.
"Acho que fazer um julgamento
correto, ouvir as pessoas corretamente como deve ser, dar o direito das pessoas
se defenderem corretamente.
Eu acho que está cumprindo um papel extraordinário
para a democracia brasileira.
É isso que eu espero de um juiz, seja ele, o
Moro, ou qualquer outro".
Lula é investigado na Lava Jato, que apura um esquema
de corrupção na Petrobras.
Ele é suspeito de ser o verdadeiro dono de um sítio
e um apartamento triplex que, segundo investigações, foram reformados por
empreiteiras que estão na mira da Lava Jato. Lula nega as acusações.
Na 24ª fase da Lava Jato, Lula foi obrigado a prestar
depoimento à Polícia Federal por ordem do juiz Sérgio Moro, que emitiu mandado
de condução coercitiva contra o ex-presidente.
"Que ele aja de acordo com o que a legislação
manda, porque um juiz tem que ser respeita por todo mundo, ele não pode ser de
um lado ou de outro", afirmou Lula aos jornalistas estrangeiros.
Lula disse ainda que as pessoas não podem querer mudar
o governo quando há problemas.
"É bom que a gente aprenda a conviver com a
democracia e seus problemas. Democracia tem problema, mas não tem nada melhor.
As pessoas não podem querer mudar o governo a cada problema", disse.
"Quando há intolerância, como agora está
acontecendo no Brasil, é insuportável porque isso significa retrocesso para o
país", afirmou.
"Eu acredito no democrata brasileiro eu acredito no
bom senso dos deputados brasileiros que ainda tem tempo para refletir".
"Nós precisamos fazer um esforço muito grande
para que não aconteça aqui no Brasil o mesmo que aconteceu em Honduras, no
Paraguai, e que não aconteça em nenhum país do mundo".
"Eu acredito que vai prevalecer a democracia e
vai prevalecer o bom senso e que a gente possa dar a chance a presidente Dilma
de governar este país.
Se eu pudesse fazer um apelo, eu faria, deixem esta
mulher governar o país, deixem ela fazer o que tem que fazer.
Ninguém é
obrigada a gostar de ninguém, mas ela foi eleita", afirmou.
- Lula afirmou que o governo precisa fazer
desonerações e adotar outras medidas para que a economia possa voltar a
crescer, numa aposta no potencial do mercado interno do país.
- O ex-presidente disse ter convicção de que pode
contribuir com o Brasil no governo Dilma e acredita ser possível mudar o humor
do país em poucos meses.
- Lula voltou a defender Dilma e disparou contra os
apoiadores do impeachment da presidente.
"Impeachment sem base legal, sem
crime de responsabilidade, é golpe", disse Lula aos correspondentes.
"É muito importante não brincar com a democracia."
Dilma é alvo de pedido de abertura de processo de
impeachment que tramita na Câmara dos Deputados e que tem como base as manobras
fiscais conhecidas como "pedaladas". Os críticos do pedido de
impedimento alegam que isso não é o bastante para configurar crime de
responsabilidade.
- Lula acusou a oposição a Dilma de impedir que a
presidente governe e a mídia de criar um clima de ódio no país, que ele
comparou com a situação vivida na Venezuela.
- O ex-presidente, que teve conversas interceptadas
pela Polícia Federal em meio às investigações da Lava Jato e divulgadas pela
Justiça, criticou o que chamou de "Big Brother" nos métodos
investigativos da operação e defendeu as ações tomadas durante seu mandato,
entre 2003 e 2010, para fortalecer a Polícia Federal e a liberdade de
investigação.
Fonte: G1 – SP.