Dilma eleva gasto emergencial com energia
Governo
gasta R$ 440 milhões para manter eólicas prontas que não produzem energia por
falta de linha de transmissão
A conta luz emergencial paga
pelas distribuidoras durante o governo da presidente Dilma Rousseff para
suprir falhas no abastecimento do sistema elétrico já consumiu RS 767 milhões
entre 2011 e 2012, em valores atualizados pelo índice oficial de inflação, o
IPCA, dos contratos firmados com empresas geradoras – conforme levantamento
feito a pedido do iG pela Câmara
de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), responsável por realizar os
leilões nos quais a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) contrata o
fornecimento de suprimento energético.
A despesa foi o resultado de seis
leilões das chamadas energia de ajuste ou existente, negociada em caráter
emergencial – ou seja, mais caras por geradores que têm o suprimento armazenado
para pronta entrega. Os leilões forneceram 11,4 milhões de megawatts/hora. A
conta deve subir agora em 9 de maio, quando a Aneel planeja um novo leilão
deste tipo de energia.
Os valores negociados nos dois
primeiros anos do governo Dilma são mais que o dobro do custo da energia
emergencial comprada no último ano do ex-presidente Lula. Em 2010, Em 2010,
foram gastos R$ 310 milhões em cerca de 2,6 milhões de megawatts/hora.
Embora a ida emergencial do
governo ao mercado para comprar sobras de energia e, assim, evitar apagões
tenha se tornado frequente nos últimos anos, no período 2011-2012 a Aneel
cancelou 18 leilões no quais previa contratar energia nova de projetos que
deveriam entrar em operação em três e cinco anos. Esses projetos podem fazer falta
na hora de suprir a demanda de energia em 2014, quando o mercado aponta cenário
de continuidade na atividade das usinas termelétricas a carvão e gás natural -
acionadas para cobrir a ausências de água nos reservatórios das hidrelétricas.
A compra emergencial é criticada
por especialistas que defendem melhorias no planejamento energético. “Se você
olhar os R$ 2,8 bilhões que estamos gastando por mês com as termelétricas, isso
é barato (leilões para comprar energia de ajuste e existente). Barato porque o
governo não lamenta não ter planejamento, ao ponto de transformar usinas
térmicas emergenciais em permanentes”, critica Ivo Pugnaloni, da consultoria
Enercons.
Culpa tucana
Apesar de já ter realizado
leilões emergenciais para suprir a demanda, o governo Dilma joga sobre o PSDB a
responsabilidade pela nova aquisição de energia em caráter emergencial. A
compra seria resultado da recusa em renovar contratos de concessão por parte da
Cemig, Cesp e Copel.
As estatais administradas pelos
governos tucanos de Minas Gerais, São Paulo e Paraná deixaram de fornecer
energia, obrigando o gasto extra. A suspensão no fornecimento é o que estaria
fazendo a União compras energia na modalidade cujo preço por megawatt/hora pode
ficar acima de R$ 150, segundo especialistas. Hoje, o governo federal paga em
média R$ 100 pelo Mwh.
O Tesouro Nacional já
responsabilizou as companhias tucanas por precisar elevar de R$ 3,3 bilhões
para R$ 8,46 bilhões o aporte necessário para conceder desconto na conta de luz
anunciado por Dilma no ano passado. Como Cemig, Cesp e Copel decidiram não
renovar as concessões, o Tesouro turbinou a Conta de Desenvolvimento Energético
(CDE) usada para cobrir o desconto de até 26% concedido a partir de fevereiro a
clientes residenciais. Gasto vai a R$
1,2 bi
O governo federal gasta R$ 440 milhões até setembro para manter funcionando 33 parques eólicos na Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte, que não contam com linhas de transmissão para colocar a energia que podem gerar no sistema.
A interligação das eólicas à rede
não foi entregue no prazo pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
(Chesf) – a estatal controlada pelo governo federal foi multada pela Aneel em
R$ 12 milhões pela falha.
Sem as eólicas ajudando no
abastecimento, a ida ao mercado para comprar energia emergencial é
potencializado. Com isso, o gasto com leilões para cobrir o déficit entre
ofertada e demanda sobe, incluindo a manutenção das eólicas, para R$ 1,207
bilhão.
A falha na execução nas obras das
linhas de transmissão é usada, agora, como um dos argumentos para defender a
liberação de 650 projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs)
estacionadas nas gavetas da Aneel a espera de outorga para saírem do papel com
um potencial de investimento de R$ 45 bilhões.
“Existe um estoque grande de PCHs
que poderiam gerar 6,5 mil megawatts, sendo que hoje existem 440 centrais
gerando 4,315 mil megawatts o equivalente a 3,5% da matriz energética”, afirma
o presidente da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel),
Charles Lenzi.
O executivo negocia uma mudança
na rota de aprovação de projetos para acelerar a retomada das PCHs. A proposta
é a Aneel aprovar os projetos existentes para facilitar a etapa de
licenciamento ambiental em órgãos estaduais. Sem a aprovação da Aneel, segundo
Lenzi, as PCHs não recebem o aval estadual necessário para as outorgas. Na
contramão, atualmente, a Aneel não concede outorgas alegando ausência de
licenciamento ambiental.
“Estamos propondo uma inversão de
processo, porque quando a Aneel libera o estudo de inventário (sobre o
potencial do projeto) ela recebe um documento com o impacto ambiental previsto
pela PCH”, diz Lenzi.
Fonte: Agência Nacional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário