DEPUTADO JOÃO PAULO CUNHA
JULGAMENTO DO MENSALÃO
Defesa de Cunha diz que perda de mandato não ficou clara
Em recurso apresentado nesta
quinta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa do deputado João
Paulo Cunha (PT-SP) aponta "contradição e obscuridade" em decisões
dos ministros que integram a Corte no julgamento da Ação Penal 470, o processo
do mensalão. No documento, os advogados citam a perda de mandato dos réus
condenados como uma das situações em que os critérios usados pelo STF não
ficaram claros à defesa.
"Não é possível, portanto,
pela redação do acórdão, concluir se o caso dos autos se subsume à hipótese de
perda do mandato como consequência da suspensão dos direitos políticos ou se,
em virtude da condenação criminal ter sido proferida pelo Supremo Tribunal
Federal, deve-se interpretar o §2º, do Artigo 55 (da Constituição
Federal) de forma a conceber a decisão do Poder Legislativo como meramente
declaratória, mesmo em caso em que a redação proposta pelo Poder Constituinte
Originário é em sentido diverso", diz o texto.
O acórdão completo da Ação Penal
470, o processo do mensalão, foi divulgado no último dia 22, reunindo as
decisões, os votos e a reprodução dos debates travados pelos ministros do
Supremo durante o julgamento. É com base no acórdão que os advogados dos réus
elaboram os recursos contra as sentenças condenatórias.
O debate sobre perda dos mandatos
dos deputados condenados criou clima de crise entre a Câmara dos Deputados e o
Supremo Tribunal Federal (STF) ainda no ano passado, colocando os poderes
Legislativo e Judiciário em lados opostos. Na época, o então presidente da
Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), com apoio de vários líderes, disse que o
Legislativo não ia "se curvar" ao STF, enquanto o ministro Celso
de Mello, último a votar favoravelmente pela perda imediata de mandato,
classificou como "intolerável, inaceitável e incompreensível" as
declarações de Maia.
Com o final do julgamento do
mensalão, o STF determinou a cassação dos mandatos dos deputados Pedro Henry
(PP-MT), Valdemar Costa Neto (PR-SP), João Paulo Cunha (PT-SP) e José Genoíno
(PT-SP), que foram condenados. Segundo a decisão, o Congresso deve apenas
ratificar o entendimento da Suprema Corte. Contudo, tanto o ex-presidente da
Câmara Marco Maia (PT-RS), como o atual, deputado Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), defendem que a eventual perda do mandato só pode ocorrer após o
trânsito em julgado. Há duas semanas, Alves reafirmou que a definição sobre a
cassação dos mandatos dos deputados condenados pelo STF só será tomada depois
encerrada todas as possibilidades de recursos.
Fonte: Agência Nacional.
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