COMENTÁRIO
Scarcela Jorge
PRESCIÊNCIA DE INSTABILIDADE ECONÔMICA
Nobres:
É
evidente a agitação de mercado nos últimos dias e já não se pode negar que a economia
brasileira passa por um momento delicado em que apresenta um baixo nível de
crescimento e inflação sistematicamente acima da meta. O fraco desempenho
econômico veio após a crise financeira internacional, mas fica cada vez mais aberto
que os problemas internos são os principais responsáveis por isso. O segundo
mandato do governo Lula foi um período em que não ocorreram reformas
necessárias para manter o crescimento da economia e as políticas econômicas
estavam voltadas para problemas de curto prazo, como fazer frente ao turbulento
cenário internacional e manter o partido a frente do poder executivo federal. O
bom desempenho econômico do segundo mandato do governo Lula foi decorrente,
sobretudo, de reformas feitas no governo tucano e no primeiro mandato petista. A
falta de reação da economia brasileira ficou explícita a partir de 2011, quando
as demais economias latino-americanas já apresentavam um processo de
recuperação, enquanto a brasileira ainda mostrava um fraco dinamismo. Mesmo com
uma recuperação neste ano devido a uma série de medidas voltadas mais para o
curto prazo, como redução dos juros, depreciação da taxa de câmbio, elevado
volume de empréstimos ao setor produtivo via bancos públicos e redução de
impostos de alguns setores, a previsão realizada pelo FMI é de que o
crescimento da economia brasileira deve ficar acima apenas da Argentina e
Venezuela no ano corrente, considerando todos os países da América do Sul. O
principal problema da economia brasileira atualmente é a falta de crescimento
da produtividade. Esse fato aliado a um baixo desemprego faz com que estímulos
econômicos tenham efeitos inflacionários, forçando o Banco Central a entrar
novamente em um ciclo de elevação dos juros, o que pressiona a taxa de câmbio e
prejudica o setor produtivo. Por um lado, o governo federal vem adotando uma
série de medidas para estimular a economia, elevando seus gastos e pressionando
a inflação. Por outro, o efeito é forçar o Banco Central a elevar os juros para
reduzir o nível de atividades e controlar a inflação. Adicionalmente, a
elevação dos juros acaba tendo efeitos adicionais sobre as contas públicas. Portanto,
o atual governo deveria ter focado no que ele mesmo vinha enfatizando desde o
início do mandato: austeridade fiscal, que além de permitir uma política de
juros baixos de forma mais sólida, abriria espaço para maiores investimentos
públicos em infraestrutura e também para redução da carga tributária de modo a
estimular os investimentos privados. O setor produtivo brasileiro, principalmente
o setor de bens que são comercializados com outros países como, por exemplo, os
produtos industrializados, vêm sofrendo duplamente com uma elevada carga
tributária e uma infraestrutura deficiente. Incumbe ao governo federal, através
de reformas e políticas econômicas adequadas, solucionar essas duas restrições
ao crescimento da produtividade e ao desenvolvimento da economia brasileira. Por
fim estagnar o bairrismo doutrinário por fanáticos petistas.
Antônio
Scarcela Jorge.
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