sábado, 11 de maio de 2013

DEMOCRACIA - ANISTIA SÓ PARA UM LADO

CORONEL CARLOS USTRA - EX AGENTE DA DITADURA MILITAR


Ex-agente da Ditadura diz que Dilma integrou grupos terroristas para implantar o comunismo no Brasil
Declaração foi dada à Comissão da Verdade por Carlos Ustra, ex-comandante do DOI-CODI.

O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra disse, nesta sexta-feira (10), em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, que se não fosse a atuação dos militares, o comunismo existiria hoje no Brasil.

— Estávamos lutando pela democracia e estávamos lutando contra o comunismo. Se não fosse a nossa luta, se não tivéssemos lutado, eu não estaria aqui porque eu já teria ido para o paredón. Os senhores teriam um regime comunista, um regime como o de Fidel Castro. O Brasil teria virado um "Cubão" em referência a Cuba.

Ustra também se referiu à atuação da presidenta Dilma Rousseff, durante a ditadura militar.

— Ela integrou quatro grupos terroristas [que tinham como objetivo final] a implantação de uma ditadura do proletariado, o comunismo. Derrubar os militares e implantar o comunismo. Isso consta de todas as organizações.

O coronel comandou o DOI-CODI-SP (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna do 2º Exército em São Paulo), órgão de repressão da ditadura militar, entre 1970 e 1974.

Durante a ditadura, a presidente Dilma integrou as organizações clandestinas Polop (Política Operária), Colina (Comando de Libertação Nacional) e VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares), dedicado a combater a ditadura militar. Condenada por "subversão", ela passou três anos presa no Presídio Tiradentes, em São Paulo, entre 1970 e 1972.

O coronel compareceu hoje à Comissão da Verdade e, apesar de decisão judicial que lhe garantia o direito de não se pronunciar durante o depoimento, Ustra falou aos membros da comissão e negou também que tenha cometido assassinato, tortura e sequestro. O ex-comandante afirmou ainda que nenhuma tortura foi cometida dentro das instalações do órgão de repressão do governo militar.

Antes do início do depoimento, Ustra fez um pronunciamento em que reiterou que as ações de repressão foram respostas aos atos das “organizações terroristas que queriam implantar o comunismo no Brasil”.

Ustra citou ações praticadas pelos grupos de esquerda contra o regime militar.

— Quando fui transferido para São Paulo no início dos anos 70, os terroristas já haviam assaltado mais de 300 bancos e carros-fortes. Tinham encaminhado mais de 300 militantes para a China para treinar a guerrilha, já haviam atacado quartéis, roubado armas e sequestrado três diplomatas. Em face disso foi criado o DOI-CODI. Eramos homens prontos para o combate, cumprindo ordens.


O coronel acentuou que seria apenas mais um na cadeia de comando.

Durante o seu depoimento, ao ser indagado sobre o desaparecimento de vários militantes políticos, Ustra negou que tenha havido qualquer morte no DOI-Codi.

— No meu comando ninguém foi morto no DOI [Codi]. Foram mortos em combate, de arma na mão, na rua.

Para Cláudio Fonteles, um dos membros da Comissão da Verdade, Ustra, ao ser confrontado com a documentação reservada do DOI-CODI, Ustra “deu uma versão insustentável de mortes em combate”. Documentos apresentados pela CNV apontam em 50 o número de mortos no órgão durante o período em que foi dirigido pelo coronel.

Já o advogado e ex-defensor de presos políticos José Carlos Dias, que também integra a CNV, o depoimento foi emocionalmente forte e mexeu com os presentes.

— Hoje foi um dia muito penoso para mim. Eu defendi mais de 500 presos políticos e a maior parte vítimas do coronel Ustra. Defendi pessoas que foram mortas sob as ordens dele.


DE VÁRIAS FONTES.

DEPOIMENTO:
uma só versão

‘Nunca fui assassino, diz coronel Ustra à Comissão Nacional da Verdade’.

Convocado pelo colegiado para falar sobre crimes ocorridos durante a ditadura, o militar defendeu sua atuação no período: 'Quem tem que estar aqui é o Exército, não eu'
"Coronel Ustra em depoimento à Comissão da Verdade"

SÃO PAULO - O coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra afirmou nesta sexta-feira, 10, que "lutou pela democracia" e negou ter cometido crimes durante o regime militar. "Nunca fui assassino", disse Ustra aos integrantes da Comissão Nacional da Verdade. Em seu depoimento afirmou ainda que a presidente Dilma Rousseff participou de "organizações terroristas".
O coronel foi convocado como parte das atividades do colegiado. Antes das perguntas, Ustra fez um depoimento inicial em que defendeu sua atuação no período militar. "Estávamos cientes de que estávamos lutando para preservar a democracia. Lutávamos contra o comunismo. Se não fosse a nossa luta, hoje eu não estaria aqui porque eu já teria ido para o 'paredon'", afirmou. "Hoje não existiria democracia nesse País", completou.

Em sua defesa, Ustra afirmou que combatia o "terrorismo". "O objetivo das organizações terroristas era a implantação de uma ditadura do proletariado, do comunismo. Isso está escrito no estatuto de todas as organizações terroristas, inclusive no das quatro que a presidente da República participou", disse em referência à Dilma Rousseff, que fez parte de grupos de resistência à ditadura e foi presa em 1970.

O coronel comandou o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), do 2º Exército, em São Paulo, entre 1970 e 1974. O nome dele é um dos mais citados em denúncias de violações de direitos humanos no período. "Quem tem que estar aqui é o Exército, não eu", disse em tom exaltado.

"Eu não vou me entregar. Eu lutei, lutei e lutei. Tudo que eu tenho a declarar está no meu livro", afirmou ao final da sua fala. Ustra obteve decisão liminar na Justiça para ficar em silêncio durante a sessão, mas respondeu parte das questões.

Perguntado sobre um caso de estupro nas dependências do DOI-CODI, Ustra reagiu com irritação. "Nunca, nunca, nunca ninguém foi estuprado dentro daquele órgão. Digo isso em nome de Deus. É verdade o que estou falando."

Ustra também negou a ocorrência de mortes no DOI-CODI durante o seu comando. "Sempre admitimos que houvesse mortos durante o regime militar. No meu comando ninguém foi morto dentro do DOI. Todos foram mortos em combate. Dentro do DOI, nenhum."

Nesta sexta, a comissão ouviu também o ex-agente Marival Chaves Dias do Canto. Ele confirmou que Roberto Artone era agente da repressão e poderia dar informações sobre desaparecidos político, conforme revelou o Estado, nesta sexta. Pela primeira vez, os depoimentos foram abertos ao público.
Fontes: Agência Brasil e o Estadão.


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