ITAMARATY CRITICA GOVERNOS DE CINCO PAÍSES POR 'FALSIDADES' SOBRE O BRASIL.
Ministério
comandado por Serra também repudiou declarações da Unasul.
Reação é motivada por manifestações sobre a política interna brasileira.
O Ministério das Relações Exteriores divulgou duas
notas oficiais na noite desta sexta-feira (13) para criticar manifestações
públicas de representantes de cinco países latino-americanos e também uma
declaração do secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Ernesto
Samper, sobre o afastamento de Dilma Rousseff da
Presidência.
Desde que Michel Temer assumiu
interinamente o comando do Palácio do Planalto nesta quinta (12), o Itamaraty
passou a ser chefiado pelo senador licenciado José
Serra (PSDB-SP).
Ao longo desta quinta, alguns países, instituições e
líderes internacionais se
manifestaram sobre a instauração do processo de impeachment e conseqüente
afastamento de Dilma do comando do país por até 180 dias.
Em um dos comunicados, o Ministério das Relações
Exteriores diz rejeitar "enfaticamente" declarações recentes dos
governos da Venezuela, de Cuba, da Bolívia, do Equador e da Nicarágua, além da
Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América/Tratado de Cooperação dos
Povos (Alba/TCP).
Segundo o Itamaraty, esses cinco países e a Alba
"se permitem opinar e propagar falsidades sobre o processo político
interno no Brasil".
"Esse processo se desenvolve em quadro de
absoluto respeito às instituições democráticas e à Constituição federal",
destaca um das notas.
Por meio de sua conta pessoal no microblog Twitter, o
presidente da Bolívia, Evo Morales, publicou uma mensagem de
solidariedade a Dilma e afirmou que estava indignado com "o golpe
congressista e judicial".
O governo de Cuba, por meio de nota, disse que
denunciado repetidamente o "golpe de Estado parlamentar-legal, disfarçado
de legalidade que está se gestando durante meses no Brasil".
"Hoje
quinta foi consumado um passo fundamental para os objetivos golpistas",
destacou o comunicado do governo cubano.
Também por meio de uma nota divulgada por sua
chancelaria, o governo do Equador falou em "alteração da ordem
constitucional" no Brasil.
"Diante da ameaça de uma grave alteração da ordem
constitucional, de profundas conseqüências para o conjunto da região, o Equador
apela à plena vigência de preservação das instituições democráticas e os
valores que a sustentam", destaca o governo equatoriano no texto.
Já o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela
divulgou um comunicado condenando o processo de impeachment e classificando-o
como "golpe de Estado".
"A Venezuela rejeita categoricamente o golpe de
Estado feito pelo parlamento que está ocorrendo no Brasil, o qual, via farsas
judiciais das forças oligárquicas e imperiais, visa derrubar a presidente e
derrubar a soberania popular", diz trecho da nota.
No outro comunicado, o ministério diz repudiar as
declarações do secretário-geral da Unasul.
De acordo com a pasta, a
manifestação do colombiano Ernesto Samper "qualificam de maneira
equivocada o funcionamento das instituições democráticas do Estado
brasileiro".
"Os argumentos apresentados pelo
secretário-geral da Unasul, além de errôneos, deixam transparecer juízos de
valor infundados e preconceitos contra o Estado brasileiro e seus poderes
constituídos e fazem interpretações falsas sobre a Constituição e as leis
brasileiras.
Além disso, transmitem a interpretação absurda de que as
liberdades democráticas, o sistema representativo, os direitos humanos e
sociais e as conquistas da sociedade brasileira se encontrariam em perigo.
A
realidade é oposta", destaca o Itamaraty na nota.
Samper afirmou que uma possível destituição de Dilma
poderia levar a uma ruptura do sistema democrático no Brasil.
"Se se continuar neste processo, poderíamos
chegar a uma ruptura que seria preciso levar os países a analisar a aplicação
ou não da cláusula democrática", disse o dirigente da Unasul nesta quinta
em uma coletiva de imprensa no Equador.
A cláusula da Unasul citada por Samper prevê a
imposição de sanções aos países-membros que romperem a ordem democrática.
O
secretário-executivo do bloco sul-americano já havia declarado
anteriormente apoio à presidente afastada.
Leia a íntegra das notas divulgadas pelo Itamaraty:
Assessoria de Imprensa do Gabinete
Nota nº 176.
13 de maio de 2016
Manifestações sobre a situação interna no Brasil.
O Ministério das Relações Exteriores rejeita
enfaticamente as manifestações dos governos da Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua, assim como
da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América/Tratado de Cooperação dos
Povos (ALBA/TCP), que se permitem opinar e propagar falsidades sobre o processo
político interno no Brasil. Esse processo se desenvolve em quadro de absoluto
respeito às instituições democráticas e à Constituição federal.
Como qualquer observador isento pode constatar, o
processo de impedimento é previsão constitucional; o rito estabelecido na
Constituição e na Lei foi seguido rigorosamente, com aval e determinação do
STF; e o Vice-Presidente assumiu a presidência por determinação da Constituição
Federal, nos termos por ela fixados.
Ministério das Relações Exteriores.
Assessoria de Imprensa do Gabinete.
Nota nº 177.
13 de maio de 2016.
Declarações do Secretário-Geral da UNASUL sobre a
situação interna no Brasil.
O Ministério das Relações Exteriores repudia
declarações do Secretário-Geral da UNASUL, Ernesto Samper, sobre a conjuntura
política no Brasil, que qualificam de maneira equivocada o funcionamento das
instituições democráticas do Estado brasileiro.
Os argumentos apresentados, além de errôneos, deixam
transparecer juízos de valor infundados e preconceitos contra o Estado
brasileiro e seus poderes constituídos e fazem interpretações falsas sobre a
Constituição e as leis brasileiras.
Além disso, transmitem a interpretação
absurda de que as liberdades democráticas, o sistema representativo, os
direitos humanos e sociais e as conquistas da sociedade brasileira se
encontrariam em perigo. A realidade é oposta.
Tais juízos e interpretações do Secretário-Geral são
incompatíveis com as funções que exerce e com o mandato que recebeu do conjunto
de países sul-americanos nos termos do Tratado Constitutivo e do Regulamento
Geral da UNASUL.
Fonte: G1 – DF.
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