Com a necessidade de apoio no Congresso e após pressão do DEM, PSDB, PPS e PSB, o presidente em exercício Michel Temer convenceu o Centrão a desistir de se formalizar enquanto bloco parlamentar na Câmara.
O grupo é formado por 225 deputados de 13 partidos
e liderados pelo PP, PR, PTB e PSD.
Lideranças
da antiga oposição procuraram o novo líder do governo André Moura (PSC-SE),
para dizer que a oficialização do novo bloco que apoiou a indicação do
sergipano levaria à formação de um bloco antagonista com integrantes da antiga
oposição, com 117 deputados.
Diante
da possibilidade real de ter uma base formalmente dividida, Temer interveio e
determinou que Moura não formalizasse o Centrão.
Ambos
os grupos têm divergências em várias questões internas na Câmara. A própria
escolha de Moura para a liderança do governo foi uma derrota para a antiga
oposição, que defendia Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Além
disso, o Centrão defende que o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), não seja cassado, enquanto a antiga oposição avalia que ele precisa
ser punido.
Ambos também divergem sobre a situação do presidente interino da
Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA). O Centrão defende sua manutenção no cargo. A
antiga oposição quer novas eleições.
Temer
precisará de sua base aliada unida para votar matérias da área econômica
importantes já na próxima semana.
O
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), marcou para terça-feira sessão
do Congresso Nacional para votar a nova meta fiscal e a prorrogação da
Desvinculação de Receitas da União (DRU), mecanismo que dá mais flexibilidade
ao governo na gestão do Orçamento.
"Conversei
com eles (líderes do Centrão) e disse que não podemos ter dentro de uma mesma
base dois blocos. Não podemos construir um muro entre nós", afirmou Moura.
Segundo ele, ficou decidido, então, que "somos um bloco só".
"E,
diga-se de passagem, meu pedido foi acatado e aceito por todos. Não vai ter
mais o blocão", disse. Moura, porém, nega que tenha havido pressão da
antiga oposição sobre ele para isso. "Não houve pressão.
Foi um pedido meu
como líder do governo, e eles entenderam", alegou.
A
articulação de Temer já reflete no discurso dos líderes do Centrão. Um dos
principais articuladores do grupo, o líder do PTB, Jovahir Arantes (GO), passou
a tratá-lo como uma "frente de partidos que pensa de forma
semelhante".
Ele,
no entanto, evita cravar que não haverá mais oficialização. Diz apenas que o
grupo decidiu adiar a formalização para "não criar barulho" que
atrapalhasse as votações.
"O timing não era de anúncio. Temos de
fortalecer a posição de governo. Se desviar o foco agora, pode dar
problema", afirmou Arantes. O bloco, diz, poderá vir a ser formalizado
"mais para frente".
"Não tem decisão de formalizar agora. Vamos
conversar depois", disse.
A
não formalização do "blocão", porém, não impede que o grupo continue
atuando nos bastidores e, principalmente, que utilize a ameaça de oficialização
como instrumento de pressão.
"Fomos
à linha da sensatez, mas não está descartada a formalização", declarou o
líder do PP, deputado Aguinaldo Ribeiro (PB). Se oficializado, o grupo de 13
partidos seria o maior bloco da Casa. Pelos cálculos dos líderes, o
"blocão" teria pelo menos 225 deputados contra 120 da antiga
oposição.
Fonte: As informações são
do jornal O Estado de S. Paulo.
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