MORO CONDENOU O PETISTA JOSÉ DIRCEU A 23 ANOS E TRÊS MESES DE PRISÃO.
O juiz Sérgio Moro condenou na
manhã desta quarta-feira (18) o petista José Dirceu a 23 anos e três meses de
prisão por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização
criminosa descobertos na Operação Lava Jato. Ele também deverá pagar
multa.
As
investigações apontaram que eram desviados de 1% a 5% dos valores de contratos
firmados na Petrobras, mediante acerto entre um cartel das maiores empreiteiras
do País com políticos do PT, PMDB e PP.
Segundo
o juiz, Dirceu teria escondido a origem de mais de R$ 10,2 milhões.
"O mais perturbador", de acordo com a decisão, é que parte das
propinas foi praticada enquanto ele era julgado no Supremo Tribunal
Federal (STF) pelo esquema de compra de votos conhecido como
Mensalão.
"Agiu, portanto, com culpabilidade extremada, o que também deve
ser valorado negativamente", disse, em sua sentença.
Moro
também entendeu que houve crime de corrupção passiva. "A prática do crime
corrupção envolveu o recebimento de cerca de quinze milhões em propinas,
considerando apenas a parte por ele recebida", sustentou. Já sobre montagem
de organização criminosa, o juiz afirmou não se tratar de um grupo
hierarquizado, com regras claras de atuação, e que por isso aplicaria pena
"pouco acima do mínimo".
Ainda cabe recurso.
Além
de José Dirceu, foram condenados ainda outros 14 investigados. Roberto 'Bob'
Marques, ex-assessor do petista, foi condenado a três anos de reclusão, mas a
pena foi substituída por duas restritivas de direito: prestação de serviço à
comunidade e prestação pecuniária.
José
Dirceu está preso em Curitiba - sede da Lava Jato - desde agosto de 2015. Ele
cumpria prisão em regime domiciliar, decorrente da pena no mensalão, quando foi
detido pela Polícia Federal acusado de envolvimento no caso Petrobras.
Os
procuradores da força-tarefa afirmaram que "no núcleo político da
organização criminosa" alvo da Lava Jato, Dirceu "ocupava papel de
destaque" e foi beneficiário final de valores desviados, além de ser um
dos responsáveis pela criação do "complexo esquema criminoso praticado em
variadas etapas e que envolveu diversas estruturas de poder, público e
privado".
"José Dirceu, em meio à relevância que ostentava
no âmbito do Partido dos Trabalhadores, foi o responsável pela indicação e pela
nomeação de Renato Duque à Diretoria de Serviços da Petrobras, possibilitando,
desde logo, que grande parte de esquema se edificasse", sustentou a
Procuradoria da República na denúncia final que levou à condenação do
ex-ministro.
O
processo em que Dirceu foi condenado por Moro tem quatro delatores, três
considerados peças importantes no desmonte do esquema que funcionava na
Petrobras: o ex-gerente de Engenharia (área cota do PT na estatal) Pedro
Barusco e os operadores de propina Milton Pascowitch, Julio Camargo e Fernando
Moura.
Pascowitch,
que era operador em nome da Engevix, e virou espécie de contador das propinas
de Dirceu, declarou em uma de suas delações que o repasse de valores ao
ex-ministro e ao núcleo político "era prioridade por parte dos operadores
financeiros".
Sua empresa Jamp Engenheiros Associados foi importante prova
de repasses de propina para o condenado.
Mais do que beneficiário, a acusação transformada em
pena por Moro aponta Dirceu como peça central da "profissionalização"
do esquema de desvios e lavagem que abasteceu o PT e outros partidos, além de
políticos e agentes públicos.
Na ação do caso Engevix, Dirceu foi punido por ser
beneficiar dos desvios por meio de compra e obras em imóveis, pagamentos de
falsas consultorias, via empresa JD Assessoria e Consultoria, e pela compra de
um avião para uso.
Condenação.
A primeira condenação de Dirceu na Lava Jato trata do
pagamento de R$ 56,8 milhões em propinas pela empreiteira Engevix, integrante
do cartel de empresas que em conluio com políticos fatiava obras na Petrobras.
O montante é referente a 0,5% e 1% de cada contrato e aditivo da empresa em
obras da Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas (UTGC), na Refinaria
Presidente Bernardes (RPBC), na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) e na
Refinaria Landulpho Alves (RLAM).
Por seu papel de liderança no esquema, a força-tarefa
ainda apresentará novas acusações formais que incluirão Dirceu - inclusive em
áreas da Petrobras. Uma delas, ainda em fase de instrução de inquérito, é a
frente sobre desvios em contratos de Comunicação da estatal.
Dirceu, o ex-diretor Renato Duque, o ex-gerente
Barusco e o ex-tesoureiro Vaccari foram condenado pela prática de 31 atos de
corrupção passiva.
"A margem referencial das vantagens indevidas era
de ao menos 2% do valor do contrato original e de cada aditivo - hipótese em
que poderia ser maior -, dos quais 1% era destinado à Diretoria de
Abastecimento e 1% era destinado à Diretoria de Serviços, em que era dividido
igualmente entre 'Casa', isto é, funcionários da Petrobras, e partido
responsável pela indicação do diretor correlato, neste caso o PT", diz o
processo.
Fonte: Agência Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário