POLÍCIA FEDERAL DEFLAGRA
A 29ª ETAPA DA LAVA JATO NO DF E EM DOIS ESTADOS.
Ex-tesoureiro do PP João Cláudio Genu é um dos presos.
Para o MPF, Genu distribuiu propina da Petrobras para políticos do partido.
A Polícia Federal (PF) prendeu nesta
segunda-feira (23) João Cláudio Genu, ex-tesoureiro do Partido Progressista
(PP), na 29ª fase da Operação Lava Jato. A ação, batizada de
"Repescagem", cumpre mandados judiciais em Brasília, no Recife e Rio
de Janeiro.
(Correção: ao ser publicada, esta
reportagem errou ao informar que o empresário Humberto do Amaral Carrilho havia
sido preso, como divulgou inicialmente a PF. Na verdade, Carrilho está fora do
Brasil. A informação foi corrigida às 9h10 em 23 de maio de 2016).
Genu é suspeito de distribuir dinheiro
oriundo do esquema na Petrobras para
políticos do PP. Em julho de 2015, a força-tarefa da Lava Jato já havia
cumprido mandado de busca e apreensão na casa do ex-assessor.
Além de tesoureiro, Genu foi assessor do
ex-deputado federal do Paraná José Janene, que morreu em 2010. Ele foi
condenado pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão do PT em 2012. Após
recurso, em março de 2014, Genu foi absolvido do crime de lavagem de dinheiro.
Ele também tinha sido denunciado por corrupção passiva, mas a pena para o crime
prescreveu.
"Foi, juntamente com o deputado,
denunciado na Ação Penal 470 do STF (Mensalão), acusado de sacar cerca de um
milhão e cem mil reais de propinas em espécie das contas da empresa SMP&B
Comunicação Ltda., controlada por Marcos Valério Fernandes de Souza, para
entrega a parlamentares federais do Partido Progressista, no escândalo criminal
conhecido vulgarmente por Mensalão", disse a PF.
RESUMO DA 29ª FASE.
A operação foi chamada de Repescagem
porque tem como alvo ex-assessor que foi réu no processo do mensalão.
– Objetivo: investiga os crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva.
– Objetivo: investiga os crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva.
– Mandados judiciais: seis mandados de busca e apreensão, um de prisão preventiva e dois mandados de prisão temporária.
– Presos temporários: Lucas Amorim Alves, sócio de Genu.
– Mandado de prisão temporária em aberto: Humberto do Amaral Carrilho, empresário
O que descobriu: Genu seria responsável por intermediar o pagamento
de propina dentro da Petrobras. Ele também seria o beneficiário de até 5% do
que era pago a partir de contratos firmados no setor de Abastecimento da
petrolífera.
A prisão temporária tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogado pelo mesmo
período ou convertido em preventiva, que é quando o investigado fica preso à
disposição da Justiça sem prazo pré-determinado.
Investigações.
A PF declarou que surgiram elementos
probatórios que apontam a participação de Genu no esquema de corrupção na
Petrobras.
"As investigações apontam que ele
continuou recebendo repasses mensais de propinas, mesmo durante o julgamento do
mensalão e após ter sido condenado, repasses que ocorreram pelo menos até o ano
de 2013".
De acordo com o Ministério
Público Federal (MPF), os colaboradores Alberto Youssef, Carlos
Rocha e Fernando Baiano apontaram Genu como um dos beneficiários da propina por
intermédio de recebimento de valores em espécie.
Genu seria responsável, conforme os procuradores, por receber valores em
espécie e repassá-los ao ex-diretor estatal Paulo Roberto Costa. Além
disso, Genu seria o beneficiário de até 5% da propina que era paga a partir de
contratos firmados no setor de Abastecimento petrolífero.
Outros suspeitos.
Lucas Amorim Alves teve um mandado de
prisão temporário expedido. Ele foi preso em Brasília. A PF também cumpre dois
mandados de busca na casa e no escritório dele. De acordo com as investigações,
ele era sócio de Genu e era quem recebia propina em nome no esquema de
corrupção.
O outro mandado de prisão temporária foi
expedido contra Humberto do Amaral Carrilho, empresário do setor de
combustíveis de Recife. Segundo a PF, entretanto, Carrilho está fora do Brasil
e, por isso, não foi detido. Agentes também não conseguiram cumprir o mandado
de busca e apreensão no apartamento do empresário, pois o imóvel está em
reforma.
Em delação premiada, o ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que Carrilho, dono da
empresa Distribuidora Equador, o procurou, entre 2008 e 2009, com um projeto de
construção de um Terminal de Derivados no Rio Amazonas, em Itacotiara.
De acordo com Costa, o projeto foi
aceito, e a empresa foi contratada pela Petrobras, sem licitação, pois se
tratava de exclusividade. Paulo Roberto Costa acrescentou que a intermediação
dele “pesou” para a contratação ainda que a parte técnica do projeto não
apresentasse desvio de condutas. O ex-diretor da Petrobras disse que, em
virtude desta intermediação, o dono da empresa pagou valores ao declarante até
fevereiro de 2014.
Os policiais também cumprem um mandado
de busca e apreensão na casa de Antônio Gontijo de Rezende.
Defesas.
O advogado Maurício Maranhão,
responsável pela defesa de Genu, disse à TV Globo que, por enquanto, não vai se
manifestar. A reportagem tenta contato com os demais investigados na operação.
28ª fase.
A 28ª fase,
batizada de "Vitória de Pirro", foi deflagrada no dia 12 de abril. A
investigação focou na cobrança de propinas para evitar convocação de
empreiteiros em comissões parlamentares de inquérito sobre a Petrobras em 2014
e 2015.
Foram presos o ex-senador Gim Argello, o
assessor dele Paulo Cesar Roxo Ramos e o secretário-geral da Câmara Legislativa
do Distrito
Federal Valério Neves Campos. Os dois últimos tiveram a
prisão temporária vencida e foram soltos.
Gim cumpre mandado de prisão preventiva
e está detido no Complexo Médico-Penal, em Pinhais. Paulo Roxo também está
detido no complexo médico.
Gim, à época, era membro da CPI no
Senado e vice-presidente da CPMI, da Câmara e do Senado. Ele foi senador entre
2007 e 2015.
O nome dele apareceu nas delações do
senador Delcídio do
Amaral (sem partido-MS) e do dono da UTC, Ricardo Pessoa. O
MPF diz que há evidências de que o ex-senador pediu R$ 5 milhões em propina
para a empreiteira UTC Engenharia e R$ 350 mil para a OAS. As duas empresas são
investigadas na Lava Jato.
Fonte: G1 – DF.
EM TEMPO
A última operação Lava Jato realizada nesta manhã, ainda não estivemos detalhes para publicá-la.
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