Defensores do ex-ministro dedicaram quatro páginas em pedido de anulação do processo contra Dirceu para elogiar a atuação do juiz federal responsável pela Operação Lava Jato.
Os
advogados de José Dirceu incluíram elogios à atuação do juiz Sérgio Moro em um
documento que pede a anulação do processo contra o ex-ministro, entregue
ao juiz federal nesta terça-feira (3).
No documento de 354 páginas que traz as alegações
finais da defesa de Dirceu, os advogados dedicam quatro páginas para
enaltecer o magistrado que se tornou símbolo do combate à corrupção no País.
Os
advogados "aplaudem" o trabalho de Moro na operação. "(Moro)
assume, a nosso ver, a figura de verdadeiro exemplo para toda a
sociedade", dizem os defensores.
Um juiz de primeiro grau praticamente isolado,
com a parca estrutura que tem o Judiciário como um todo conseguiu, em razão de
seu trabalho, de sua seriedade, de sua convicção e de seus ideais, prosseguir
com uma operação que praticamente atinge todo o país, envolvendo inúmeros
políticos e grandes empresas nacionais", afirmam os advogados do
ex-ministro.
"Todos nós, como brasileiros que somos, não só
aplaudimos como esperamos que todo esse esforço não seja em vão.
E ao que tudo
indica, já não foi", seguem os defensores, cujo cliente segue preso
preventivamente desde agosto do ano passado por ordem de Moro.
"Que se
critiquem alguns excessos lá e cá, algumas prisões desnecessárias - como a que
ora nos deparamos e algumas punições exageradas, a verdade é que, de fato, a
posição deste magistrado foi relevante e fez toda a diferença para chegarmos aonde
chegamos", seguem os defensores.
As alegações finais, última manifestação da defesa
antes de o juiz decidir, foram entregues na ação penal em que Dirceu é acusado
de receber propina da Engevix no esquema de corrupção da Petrobras por meio de
sua empresa de assessoria, JD Consultoria.
O ex-ministro da Casa Civil do
governo Lula responde pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação
de organização criminosa em um esquema que teria rendido R$ 56,8 milhões em
propinas ligadas a contratos da Petrobras.
Anulação.
No
documento, assinado pelos criminalistas Roberto Podval, Odel Jean Antun, Paula
Indalécio, Viviane Raffaini, Carlos Eduardo Nakahara e Ana Caroline Medeiros,
os defensores de Dirceu criticam o Ministério Público, alegam que a denúncia
contra o ex-ministro foi "prematura" e baseada apenas em delações com
o intuito de prejudicar Dirceu.
Eles pedem a Moro que anule a ação penal e o
julgamento seja convertido em diligência ou, caso o juiz rejeite o pedido,
Dirceu seja absolvido de todos os crimes por ausência de provas.
Antes de fazer
o pedido, contudo, os advogados usam os elogios para afirmar que Moro será
imparcial ao analisar o caso de Dirceu.
"Assim,
conseguindo, nesse momento, separar sua convicção pessoal e política,
certamente julgará o processo e as provas, distanciando dele do homem que foi
José Dirceu, ou o papel que representou politicamente no País.
Considerará
apenas os fatos narrados e efetivamente comprovados, de forma a contribuir com
a Justiça e, verdadeiramente, com o Brasil", afirmam os criminalistas.
Os advogados dizem ainda "imaginar" a
suposta pressão sofrida pelo magistrado ao longo das investigações e afirmam
que a decisão demonstrará que "nada disso importa".
"Durante
todo o processo e toda a operação Lava Jato, imaginamos a pressão que Vossa
Excelência sofreu, até porque a defesa também não passou incólume.
Mas o fato é
que a decisão a ser proferida nesta etapa processual demonstrará, efetivamente,
que nada disso importa nesse momento, afinal, não estamos aqui para decidir
ideologia política, ou o futuro do País", seguem os defensores.
"Neste
processo, a vida de pessoas e seus destinos serão definidos, e nesse contexto,
um julgamento justo, que considera as provas, demonstrará a própria validade e
aplicação concreta da nossa Constituição Federal; a nossa Carta Magna, que,
assim como Vossa Excelência, precisa e merece ser homenageada", concluem
os advogados.
Fonte: Agência Brasil.
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