Plácido Rios diz que os prejuízos materiais ainda não foram computados.
Plano de Estabilização do sistema prisional está sendo elaborado, diz.
O procurador-geral de justiça, Plácido Rios,
determinou nesta segunda-feira (23) que o Ministério Público Estadual realize
uma investigação independente e autônoma sobre os fatos e ações que levaram ao
caos que se instalou no sistema penitenciário do estado, com rebeliões, mortes
e fugas de presos. O número de
mortos pode chegar a 26, segundo o juiz corregedor dos presídios do Ceará,
Cesar Belmino.
“Fomos surpreendidos com a informação pertinente a uma
rebelião muito grave. O sistema estava todo comprometido, no que os presos
chamam de 'salve geral'. Existem indícios de que o Estado, através de seus
agentes, tenha dado causa a todas essas rebeliões”, afirma o procurador.
O procurador se refere à proibição das visitas
determinada pela Secretaria de Justiça do Ceará (Sejus), nas unidades na
Prisional Desembargador Adalberto de Oliveira Barros Leal, em Caucaia, e nas CPPLs
II, III e IV, em Itaitinga, após a greve dos agentes penitenciários.
“A visita é de extrema importância para os presos,
eles aguardam ansiosos durante a semana pela visita. Tivemos um dos piores fins
de semana do nosso Estado e ainda não sabemos as dimensões, ainda estamos
apurando quantas morte houve."
Nesta
segunda-feira, a Sejus confirmou a morte de 14 presos nas unidades prisionais. “Esse foi
um dos piores fins de semana do sistema prisional. Ainda estamos contabilizando
as mortes. Foi de gravidade tão extensa e complexa que ainda não sabemos como
isso vai acabar”, ressalta.
Segundo Plácido Rios, as equipes do Departamento de
Engenharia e Arquitetura (Dae) do Governo do Estado ainda não conseguiram
entrar nas unidades para verificar os danos causados ao patrimônio público e os
presos seguem soltos nos corredores das unidades.

Plano de
estabilização.
Plácido Rios disse que esteve reunido com o governador
do Ceará, Camilo Santana, e com o Secretário da Justiça, Hélio Leitão, para
tratar de um plano de estabilização do sistema penitenciário. A primeira medida
a ser adotada será a avaliação "criteriosa, porém ágil", dos pedidos
de liberdade provisória que estão aguardando análise da Justiça.
“Nós precisamos de uma resposta ágil, haja vista que
mais de 70% das pessoas que estão hoje no sistema penitenciário são presos
provisórios e que merecem uma definição da sua situação: se são culpados ou
inocentes, se devem ser condenados ou absolvidos. E o Sistema de Justiça irá
atuar nesse sentido, para agilizar a análise desses processos”, pontuou Plácido
Rios.
De acordo com o procurador, é dever do Estado promover
a segurança dos presos que estão sob sua responsabilidade, por isso é
necessário que se investigue a ação dos agentes públicos nas unidades
penitenciárias. “Precisamos analisar as condutas de quem esteve à frente das
ações e se o agente tiver transbordado as suas funções deverá ser punido”.
Mortos.
A Sejus confirmou a morte de 14 presos durante os
episódios de rebeliões ocorridos em presídios da Região Metropolitana de
Fortaleza, entre o sábado (21) e o domingo (22). Conforme o órgão, os
assassinatos ocorreram em decorrência de conflitos entre os detentos.
Dentre os mortos estão Luan Brito da Silva, 21 anos,
que respondia por latrocínio; Paulo César de Oliveira, 46 anos, respondia por
tráfico; Francisco Clenildo Felipe Costa, 40 anos, respondia por furto; Daniel
Henrique Maciel dos Santos, 26 anos, respondia por homicídio e roubo; Diego
Martins da Silva, 31 anos, respondia por roubo; Roberto Bruno Agostinho da
Silva, 23 anos, respondia por homicídio; Rian Pereira Paz, 33 anos, respondia
por tráfico de drogas; e Daniel de Sousa Oliveira, 22 anos, respondia por
homicídio e roubo.

Na Unidade Prisional Desembargador Francisco Adalberto
Barros de Oliveira Leal, em Itaitinga, foi registrada as mortes de Roberto
Bruno Agostinho da Silva, Rian Pereira Paz e Daniel de Sousa Oliveira. Os
locais onde as demais corpos foram encontrados não foram divulgados.
Na manhã desta segunda-feira (23), um túnel foi
encontrado na Unidade Prisional CPPL I, em Itaitinga, e o Batalhão de Choque
confirmou a fuga de detentos durante a madrugada. Nesta manhã, é feito um
levantamento para contar quantos detentos fugiram. A Sejus, porém, não
confirmou a fuga. A pasta comunicou que não foi registrado nenhum novo conflito
entre os presos nesta segunda-feira.
Greve e
rebeliões.
As rebeliões registradas nos presídios cearenses
durante o fim de semana ocorreram durante e após a greve dos agentes
penitenciários. A motivação dos conflitos foi a suspensão das visitas nas
unidades prisionais. De acordo com a Polícia Militar, os detentos
quebraram cadeiras, grades, armários e queimaram colchões em diversos presídios.
A greve dos
agentes penitenciários foi encerrada ainda no sábado. A
categoria aceitou a proposta de reajuste na Gratificação por Atividades e
Riscos (Gaer), que era de 60%, para 100%. O reajuste será pago de forma
escalonada: 10% em fevereiro de 2017, 10% em janeiro de 2018 e 20% em novembro
de 2018.
O titular da Sejus, Hélio Leitão, criticou a decisão
de greve dos agentes, defendendo que o estado não se negou a negociar com os
profissionais. "O processo de negociação com a categoria dos agentes
estava em franco curso. Decretaram o estado de greve mesmo assim, formulamos outra
proposta, que veio a ser rejeitada pela categoria", declarou.
Fonte: G1 – CE.
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