COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
HIPOCRISIA IRRESTRITA.
Nobres:
Sempre estamos ouvindo em tempo
pessoas copiadoras da manjada expressão “politicamente correta” Ora em termos
Brasil é quase uma piada de mau gosto. Político e correto definitivamente não
combinam por aqui. A verdade é que nestes tempos cheios de nove horas e não me
toques, em que gentileza virou artigo em desuso e em que ética e elegância
estão em extinção, a praga do “politicamente correto”, invenção da hipocrisia e
do puritanismo serve aqui, cada vez mais como dissimulação. O “politicamente
correto” está longe de ser apenas uma adequação de linguagem, trata-se de uma
tendência autoritária e inibidora. Como diria um famoso filósofo, “é uma
mentira moral”. Quem garante que todos os negros preferem ser chamados de
“afrodescendentes”, e a grande maioria dos anões se sinta confortável e
representada pela expressão verticalmente prejudicada? Os mais velhos não percebam certa ironia na
toda certinha “melhor idade”. Melhor idade? Fala sério! Quem, hoje em dia, cede
o assento a alguém de cabeça branca? Quando fomos criança, adultos costumavam
ter preferência em tudo. Nós, pimpolhos, tínhamos que ceder o lugar, esperar a
nossa vez e obedecer. Algo saiu errado. Somos adultos e continuamos esperando,
mas desta vez, pela criançada cujo status ganhou tanta prioridade, que sequer
podemos devolver os puxões de orelha do passado. Ó “excelências legisladores! O
politicamente correto tem outras facetas e também funciona como antídoto ou
disfarce para espertalhões ideológicos que se aproveitam desta droga
paralisante e se escondem atrás de fracos, oprimidos ou até de grandes causas.
Afinal, quem ainda pode desconfiar do programa que transferiu milhões de
brasileiros da miséria absoluta para a quase miséria absoluta? Quem com algum
valor moral e cívico podem achar ruim, mesmo quando parece ser um plano
maquiavélico de permanência no poder, mas de paladino da inclusão social? Em
situações mais amenas, a imposição da postura politicamente correta engessa afinal,
pega mal atacar políticos tão ocupados em melhorar a vida das pessoas. Mas sua
consequência mais nefasta é o fato de nivelar e mascarar diferenças que não
estão absolutamente resolvidas: racismo, homofobia, descaso com deficientes e
intolerância entre gerações e classes são doenças sociais e o verniz da
hipocrisia apenas cria uma nuvem de fumaça que dissimula o que realmente
importa. A boa notícia é que estamos vivendo o início da era da transparência,
em que esconder posturas, opiniões e conveniências no velho armário, antes
seguro, está ficando cada vez mais perigoso. Preste atenção: o armário mudou.
Agora, as suas portas são de vidro. Isso a sociedade geral principia percepção, obviamente terá consciência apura
na forma de se conceituar. É que estamos dizendo.
Antônio Scarcela Jorge.
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