sexta-feira, 20 de junho de 2014

ESTILO MODERNO NO ESTADO MONÁRQUICO ESPANHOL

INTERNACIONAL
FELIPE VI (REI DA ESPANHA) QUER MONARQUIA RENOVADA PARA NOVOS TEMPOS.

O novo rei não evitou nenhum dos temas que dividem a sociedade. Mas os presidentes do país Basco e da Catalunha não aplaudiram a intervenção.

Num discurso que não evitou nenhum dos temas que dividem a sociedade, o novo rei Felipe VI defendeu ontem na cerimónia da sua proclamação, perante as cortes (deputados e senadores) e o governo, a unidade de Espanha.

“Devemos superar o que nos separa e aprofundar o que nos une”, disse. Numa alusão clara às tentações republicanas e separatistas que atravessam o país vizinho – mas também ao desgaste da monarquia – Felipe VI quis, na sua tomada de posse, ser o mais transversal possível. “Uma nação não é apenas a história mas um projeto integrador para o futuro, trabalhemos todos juntos nos objetivos comuns do século XXI”, disse na meia hora que durou o discurso no parlamento espanhol. Esses objetivos comuns estão consubstanciados na Constituição de 1978 – documento sobre o qual Felipe VI jurou comprometer o seu reinado.

“Saberei honrar este juramento, serei um chefe de Estado leal, disposto a escutar, a aconselhar e a defender os interesses gerais”, disse, diferenciando-se do pai, Juan Carlos I, que em 1975 colocara a mão sobre um exemplar do Evangelho.

Numa nota, em que parecia referir-se à saga de fraude fiscal do cunhado e da irmã, a infanta Cristina – ausente da cerimónia e que a partir de ontem passou a ser só familiar do rei e não família real –, o novo monarca defendeu uma “atitude honesta e transparente” baseada em princípios “morais e ética” como forma de estar na política. Felipe VI sublinhou também a crise que assolou a Europa, e Espanha em particular – com uma das taxas de desemprego mais elevadas da UE, a seguir à Grécia – para afirmar que “os cidadãos e as suas preocupações” devem estar no centro do seu reinado. E findou a primeira intervenção como a rei a despedir-se em castelhano, catalão, basco e galego. Mas não logrou os seus intentos: Iñigo Urkullu e Artur Mas, presidentes do País Basco e da Catalunha, respectivamente, optaram por não aplaudir o discurso.

“Gostaria de ter ouvido que estamos num Estado plurinacional”, lamentou Mas após um discurso “sem nada de novo”. Nas ruas de Madrid, por onde desfilou o rei até ao Congresso, a polícia deteve quatro pessoas que usavam símbolos republicanos. No dia anterior o Tribunal Superior tinha proibido uma concentração republicana no palco tradicional dos indignados, Plaza do Sol, mas 400 pessoas reuniram-se de improviso na Plaza de Tirso de Molina a entoar cânticos. É um sinal dos tempos que esperam o novo rei de Espanha.

Fonte: Reuters.

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