INTERNACIONAL
FELIPE VI (REI DA ESPANHA) QUER MONARQUIA RENOVADA
PARA NOVOS TEMPOS.
Num discurso que não evitou
nenhum dos temas que dividem a sociedade, o novo rei Felipe VI defendeu ontem
na cerimónia da sua proclamação, perante as cortes (deputados e senadores) e o
governo, a unidade de Espanha.
“Devemos superar o que nos separa
e aprofundar o que nos une”, disse. Numa alusão clara às tentações republicanas
e separatistas que atravessam o país vizinho – mas também ao desgaste da
monarquia – Felipe VI quis, na sua tomada de posse, ser o mais transversal
possível. “Uma nação não é apenas a história mas um projeto integrador para o
futuro, trabalhemos todos juntos nos objetivos comuns do século XXI”, disse na
meia hora que durou o discurso no parlamento espanhol. Esses objetivos comuns
estão consubstanciados na Constituição de 1978 – documento sobre o qual Felipe
VI jurou comprometer o seu reinado.
Numa nota, em que parecia
referir-se à saga de fraude fiscal do cunhado e da irmã, a infanta Cristina –
ausente da cerimónia e que a partir de ontem passou a ser só familiar do rei e
não família real –, o novo monarca defendeu uma “atitude honesta e
transparente” baseada em princípios “morais e ética” como forma de estar na
política. Felipe VI sublinhou também a crise que assolou a Europa, e Espanha em
particular – com uma das taxas de desemprego mais elevadas da UE, a seguir à
Grécia – para afirmar que “os cidadãos e as suas preocupações” devem estar no
centro do seu reinado. E findou a primeira intervenção como a rei a despedir-se
em castelhano, catalão, basco e galego. Mas não logrou os seus intentos: Iñigo
Urkullu e Artur Mas, presidentes do País Basco e da Catalunha, respectivamente,
optaram por não aplaudir o discurso.
“Gostaria de ter ouvido que
estamos num Estado plurinacional”, lamentou Mas após um discurso “sem nada de
novo”. Nas ruas de Madrid, por onde desfilou o rei até ao Congresso, a polícia
deteve quatro pessoas que usavam símbolos republicanos. No dia anterior o
Tribunal Superior tinha proibido uma concentração republicana no palco
tradicional dos indignados, Plaza do Sol, mas 400 pessoas reuniram-se de
improviso na Plaza de Tirso de Molina a entoar cânticos. É um sinal dos tempos
que esperam o novo rei de Espanha.
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