domingo, 15 de junho de 2014

COPA - ZEBRA COSTARRIQUENHA

 CASTELAZO’

'LOS TICOS’ SE TORNAM ‘LOS GIGANTES’ ANTE A CELESTE.

Primeiro jogo de Copa da história do Castelão tem a pequena Costa Rica dando uma lição de bola nos uruguaios.

Quando saíram os grupos da Copa, em sorteio realizado em dezembro de 2013, quase todo mundo apostou: quem perder para a Costa Rica não se classificará no Grupo D. A resposta dos costarriquenhos, ou “Los Ticos” (“Os Pequenos”, em português), veio em forma de castigo para o Uruguai na primeira partida de um Mundial no Castelão. O time da América Central saiu perdendo, mas obteve a virada ante a Celeste por 3 a 1 e mostrou a uruguaios, italianos e ingleses que o “Grupo da Morte” pode contar com mais um “gigante”.

A primeira zebra do torneio foi ocasionada por uma atuação surpreendente do atacante do Olympiacos - GRE, Joel Campbell, que sacudiu a defesa uruguaia durante boa parte do jogo.

Nas arquibancadas, a cor celeste predominou, com diversos cartazes e alusões a 1950, ano em que a seleção uruguaia ficou com a taça da Copa do Mundo em território brasileiro, o chamado “Maracanazo”. Mas a festa foi mesmo da torcida vermelho e azul, que acabou, ao fim da partida, ganhando a simpatia eterna dos cearenses e deixando de recordação uma espécie de “Castelazo” para os nossos vizinhos.

O jogo.

O Uruguai, que entrou em campo com sua principal estrela Luis Suárez, que se recupera de cirurgia, entre os reservas, começou o jogo dando toda a pinta de que finalmente venceria após 44 anos em uma estreia de Copa do Mundo. Aos 22 minutos, Lugano foi agarrado dentro da área após levantamento de Forlán para a área e o árbitro alemão Felix Brych marcou pênalti. Com precisão, Cavani bateu o pênalti e levantou a torcida azul-celeste no Castelão, abrindo o placar.

Tudo levava a crer que a Costa Rica seria uma presa fácil. Isso até o abusado Joel Campbell dar seu cartão de visitas com um belo chute que passou perto do gol de Muslera, aos 26.

Aparentemente, o crescimento do rival na partida não alarmou os uruguaios, que quase marcaram o segundo com Forlán, aos 43 minutos.

Virada

Só que o jeito de jogar relaxado da Costa Rica virou real ameaça quando Campbell recebeu cruzamento da direita, aos 8 minutos do segundo tempo, dominou e fulminou Musleira: 1 a 1.
Três minutos depois, os bicampeões mundiais tomaram um choque de realidade ao ver Oscar Duarte ganhar a briga com Stuani e fazer o segundo gol costarriquenho, de peixinho.

Campbell continuava a mostrar que não veio para Fortaleza a passeio ao mandar outro chute venenoso de longe que assustou o goleiro sul-americano.

Quando a torcida no Castelão já gritava “olé” de maneira alucinada a cada toque dos costarriquenhos, o reserva Ureña, no seu primeiro lance na partida, ampliou para 3 a 1, tocando rasteiro, na saída de Muslera.

No fim da partida, Campbell ainda provocou a expulsão do lateral Maxi Pereira, oferecendo aos uruguaios – que em sua partida anterior em Copas no Brasil acabou campeão – o outro lado da moeda: uma derrota para não se esquecer no Castelão.

 Vitória leva carnaval antecipado à Costa Rica.

“Imagine a emoção que estamos vivendo. Éramos o patinho feio do grupo, diziam que seriamos goleados, que quem fizesse mais gols na gente iria definir uma classificação. Mostramos que temos uma seleção competente e mentalmente muito forte, o que é fundamental”. Normalmente essa declaração teria sido dada pelo técnico ou algum atleta costarriquenho, entretanto, são palavras do jornalista Leonardo Cordeiro e mostram como “La Sele” consegue representar todo um país.

O discurso de unidade do profissional da pequena nação da América Central revela um pouco como seus conterrâneos sentiram o triunfo sobre os uruguaios, ontem, na Arena Castelão. “Somos de um país muito pequeno, com 4 milhões e meio de habitantes, onde todos estavam ansiosos assistindo ao jogo, e quando o resultado foi confirmado, as pessoas saíram de casa. Não por hoje ser sábado e amanhã domingo, mas, independente de qualquer coisa, ninguém trabalharia ao amanhecer. É Carnaval em meu país!”, exclamou.

A consagração da Costa Rica também foi reconhecida pelo jornalista uruguaio Jorge Muñoz Borges. “Uma vitória justa e notável da Costa Rica. O Uruguai jogou muito mal. Tinha um primeiro tempo controlado, mas se desarmou totalmente no segundo tempo, e os costarriquenhos aproveitaram as falhas que já haviam sido evidenciadas”, disse.

‘Hoje, temos muito mais confiança’, diz técnico.

A tarefa da Costa Rica no Grupo D da Copa do Mundo era das mais difíceis. E após a surpreendente vitória ante o Uruguai ela continua difícil, como ressaltou o técnico José Luis Pinto. Porém, a confiança dos “Ticos” aumentou após o belo triunfo.

“Espero que o povo da Costa Rica aproveite a vitória. Temos apenas que aperfeiçoar os conceitos e manter nossa postura. Meus jogadores foram espetaculares na parte tática e física. Ainda não ganhamos nada, pois enfrentaremos mais dois campeões do mundo, mas hoje temos muito mais confiança e isso no futebol tem muito valor”

O técnico não se esquivou de apontar as falhas do favorito, e da tática que o fez virar a partida. “É preciso reconhecer que o Uruguai tem jogadores fortes na defesa, mas um pouco lentos. Então, tínhamos que nos aproveitar. Ao contrário do ataque: não é fácil marcar Cavani, Stuani e Forlán. Conseguimos, e ainda fomos precisos na defesa com as jogadas aéreas uruguaias”.

Talento

O atacante Joel Campbell, escolhido o melhor do jogo, foi elogiado pelo comandante. “Ele pode desequilibrar a partida e fazer muita diferença. É um desses jogadores que muda um panorama com uma jogada e já tínhamos clareza disso. Só precisávamos aproveitar o talento dele”.

O atacante dividiu o mérito. “É um honra ser o craque do jogo, mas não teria acontecido sem meus companheiros. O prêmio também é deles”, afirmou.



Lugano reclama do clima quente

Fortaleza, 17 horas. Os termômetros da Fifa marcavam 30ºC, com 58% de umidade do ar. Começava o segundo tempo da estreia do Uruguai na Copa do Mundo. A Celeste vencia a partida por 1 a 0. Mas bastaram 10 minutos para os uruguaios entenderem o significado real da palavra calor. A Costa Rica empatava a partida, e viraria o jogo, 20 minutos depois. Ali, os uruguaios já não suportavam mais o caldeirão cearense. Quem garante isso é o capitão e zagueiro do Uruguai, Diego Lugano.

Para o camisa 2, o calor de Fortaleza foi determinante para a derrota da Celeste diante da Costa Rica – a primeira da história do confronto entre as duas seleções. “Nos últimos 20 minutos do jogo tentamos sair (para o ataque), e ficou evidente que estávamos sem velocidade, sem físico (por conta do calor). Isso foi determinante para a vitória da Costa Rica”, admitiu.

Lugano reconhece que seus companheiros poderiam ter ampliado o placar enquanto ainda tinham físico para suportar o caldeirão. "Perdemos a oportunidade de matar o jogo quando tivemos chance. Isso é um erro capital. No segundo tempo, a Costa Rica foi mais efetiva”, admitiu.

Fonte: DN.




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