SÃO PAULO - SP
VISÃO INTERIOR DA CATEDRAL
IGREJA
ORTODOXA
No ano de 1054 houve um cisma
entre as Igrejas Cristãs – de um lado, permaneceu o Catolicismo, submetido à
autoridade papal; do outro, várias igrejas orientais uniram-se em torno do
poder do Patriarca de Constantinopla, constituindo a Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, mais conhecida como Igreja Ortodoxa. Esta expressão,
advinda do grego, significa ‘doutrina reta’; os seguidores desta vertente são
chamados de cristãos ortodoxos. Até hoje os ortodoxos mantêm intactos seus
rituais primitivos, ministrados pelos padres apostólicos, e também o Credo
Niceno. Esta Igreja alicerçava-se em cinco Patriarcados, os de Antioquia,
Constantinopla, Alexandria, Jerusalém e Roma, todos livres na esfera
administrativa. No campo dos ritos, porém, as Igrejas são muito semelhantes, e
seus princípios de fé são os mesmos. O Patriarca de Constantinopla detém uma
denominação tão somente honorária, porque os patriarcas de cada instituição são
dependentes entre si. Esta estrutura hierárquica tem um claro objetivo,
demonstrar que Jesus é o único líder da Igreja, sem nenhum representante na
Terra. A maior autoridade na Igreja Ortodoxa é o Santo Sínodo Ecumênico, desde
a sua fundação até os dias atuais. Ele é integrado por todos os patriarcas que
lideram as igrejas autocéfalas e pelos arcebispos-primazes das igrejas
independentes, que se unem quando são convocados pelo Patriarca de
Constantinopla. Este Concílio teve seu poder contestado pela Igreja Católica
Romana em 1054, data da dissidência religiosa entre as Igrejas Cristãs. Os
ortodoxos, ao obedecerem ao Patriarca, negam a liderança do Papa e sua
impossibilidade de se enganar. Cada Igreja está submetida também a uma
autoridade regional, o Santo Sínodo Local. Por outro lado, os patriarcados têm
a liberdade de buscar a
solução de seus problemas específicos com o máximo de autonomia, podendo
inclusive substituir seus próprios bispos, até mesmo o patriarca, o arcebispo
ou o Metropolita que dirija esta instituição. A Ortodoxia aceita a existência
de sete Concílios Ecumênicos – os de Nicéia, Constantinopla, Éfeso, Calcedônia,
Constantinopla II, Constantinopla III e Nicéia II. Há pelo menos quatorze Igrejas
Ortodoxas Autocéfalas – as quatro mais antigas, ou seja, Constantinopla,
Alexandria, Antioquia e Jerusalém (todas elas constituem patriarcados); bem
como as dez Igrejas Ortodoxas que surgiram ao longo do tempo: Rússia, Sérvia,
Romênia, Bulgária, Geórgia (estas também são consideradas patriarcados),
Chipre, Grécia, Albânia e República Tcheco-Eslováquia (estas últimas são
lideradas por um arcebispo ou por um Metropolita). Seus rituais são
constantemente revestidos de pompa e constituem a essência da fé ortodoxa. A
parte musical dispensa os instrumentos, expressando-se apenas através dos
cantos realizados por corais. A ortodoxia não permite o uso de imagens
esculturais na decoração, somente pintura sobre madeira representando os
santos, Jesus e sua mãe, Maria. Surgiram nas diversas Igrejas, devido à sua
autonomia, as mais variadas cerimônias eclesiásticas, que correspondem mais à
diversidade das línguas e das culturas regionais, do que a qualquer
discordância doutrinária. Os cinco rituais mais importantes são o bizantino –
encontrado na maior parte das Igrejas Ortodoxas -, o alexandrino, o antioquino,
o armênio e o caldeu. O ascetismo organizado é à base da força vital que anima
a crença ortodoxa, e seu principal mosteiro está localizado no Monte Athos, na
Grécia. Na Igreja Ortodoxa todos os bispos são considerados herdeiros da tarefa
apostólica, portanto são portadores dos mesmos direitos, não havendo nenhuma
diferença entre eles e os outros integrantes do clero ortodoxo. Os únicos
critérios para a concessão de cargos eclesiásticos são a experiência trazida
pela idade e a sabedoria. A Igreja está presente em cada local no qual se
consagre a Eucaristia. Esta instituição também adota o Novo Testamento, e segue
igualmente as leis instituídas pelos sete primeiros Concílios Ecumênicos. Além
destes pontos em comum com a Igreja Católica Romana, ela tem seu diferencial na
filiação aos livros patrísticos. Ao contrário do Catolicismo, para a Igreja
Ortodoxa o Espírito Santo provém do Pai, mas não está ligado ao Filho; o purgatório não
existe e os ortodoxos não crêem na virgindade de Maria, embora admitam sua
elevação aos Céus. Na estrutura clerical, apenas os bispos são obrigados a
manter o celibato, os padres são liberados para o matrimônio, desde que este se
dê antes da sua ordenação. No Brasil a Igreja Ortodoxa desembarcou junto com os
imigrantes árabes. A primeira instituição foi edificada em São Paulo, no ano de
1904. A imponente Catedral Ortodoxa foi aberta ao público em 1954, no auge da
celebração do IV Centenário da metrópole.
Por Ana Lúcia Santana
Fonte: enciclopédias
cristãs
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