COTIDIANO DA CORRUPÇÃO
‘OPERAÇÃO PORTO SEGURO’
INDICIADOS PELA PF NA PORTO
SEGURO TROCAM FARPAS POR E-MAIL
Novos trechos de e-mails
interceptados pela Polícia Federal durante a Operação Porto Seguro mostram
detalhes da engenharia financeira da quadrilha suspeita de vender pareceres e
fazer tráfico de influência. Nas conversas, os integrantes do grupo usavam
mecanismos para enganar os órgãos de fiscalização. As trocas de mensagens
também mostram que a relação entre os investigados nem sempre foi tranquila. O Jornal
Nacional teve acesso a novos relatórios da PF, que revelam que a relação da
suposta troca de favores entre Rosemary Nóvoa de Noronha, ex-secretária do
escritório da Presidência da República em São Paulo, e Paulo Rodrigues Vieira,
ex-diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA), nem sempre foi
amistosa. Paulo chegou a ser preso durante a operação, mas conseguiu
habeas-corpus nesta sexta-feira.
Em e-mail de 22 de abril de 2009,
Rosemary faz um relatório para Paulo Vieira sobre vários assuntos e reclama:
"Não gostei nem um pouco de suas cobranças. O que não está andando além da
Anac?", questiona, listando indicações queriam dado certo. "Quanto ao
pagamento que está para chegar, considero que você não está me fazendo nenhum
favor (...) Não nasci ontem, não sou boba! Se você acha que não está correto,
aborte o envio dos 30 livros." De acordo com a PF, toda vez que os suspeitos
falam em livros, eles querem dizer, na verdade, dinheiro. O jogo de palavras na
troca de e-mails revela que Paulo e Rubens Vieira tentavam burlar os mecanismos
de vigilância do sistema financeiro.
OPERAÇÃO PORTO SEGURO
Deflagrada no dia 23 de novembro
pela Polícia Federal (PF), a operação Porto Seguro realizou buscas em órgãos
federais no Estado de São Paulo e em Brasília para desarticular uma organização
criminosa que agia para conseguir pareceres técnicos fraudulentos com o
objetivo de beneficiar interesses privados. A suspeita é de que o grupo,
composto por servidores públicos e agentes privados, cooptava servidores de
órgãos públicos também para acelerar a tramitação de procedimentos. Na ação,
foram presos os irmãos e diretores Paulo Rodrigues Vieira, da Agência Nacional
de Águas (ANA), e Rubens Carlos Vieira, da Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac). Além das empresas estatais em Brasília, como a Anac, a ANA e os
Correios, foram realizadas buscas no escritório regional da Presidência em São
Paulo, cuja então chefe, Rosemary Nóvoa de Noronha, também foi indiciada por
fazer parte do grupo criminoso. O advogado-geral adjunto da União, José Weber
de Holanda Alves, também foi indiciado durante a ação. Exonerada logo após as
buscas, Rosemary ela teria recebido diversos artigos como propina. De acordo
com o jornal Folha de S.Paulo, em troca do tráfico de influência que
fazia, ela chegou a ganhar um cruzeiro com a dupla sertaneja Bruno e Marrone,
cirurgia plástica e um camarote no Carnaval do Rio de Janeiro. O inquérito que
culminou na ação foi iniciado em março de 2011, quando, arrependido, Cyonil da
Cunha Borges de Faria Jr., auditor do Tribunal de Contas da União (TCU),
procurou a PF dizendo ter aceitado R$ 300 mil para fazer um relatório favorável
à Tecondi, empresa de contêineres que opera em Santos (SP). O dinheiro teria
sido oferecido por Paulo Rodrigues Vieira entre 2009 e 2010. Vieira é apontado
pela PF como o principal articulador do esquema. Na época, ele era ouvidor da
Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e conselheiro fiscal da
Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). Em decorrência da operação,
foram afastados de seus cargos o inventariante da extinta Rede Ferroviária
Federal S.A., José Francisco da Silva Cruz, o ouvidor da Antaq, Jailson Santos
Soares, e o chefe de gabinete da autarquia, Ênio Soares Dias. Também foi
exonerada de seu cargo Mirelle Nóvoa de Noronha, assessora técnica da Diretoria
de Infraestrutura Aeroportuária da Anac. O desligamento ocorreu a pedido da
própria Mirelle, que é filha de Rosemary.
FONTE: Terra Brasil.
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