COMENTÁRIO
ILIMITADA NOSTALGIA
Nobres:
Retomamos parte do passado em que
vivenciamos os toques “A-S-D-F-G”. Essa fileira de letras, suspeito, soa como
música na memória de milhares de brasileiros. Basta repeti-las para lembrar as
primeiras lições de datilografia, na
aurora de nossas vidas, em belas tardes vadias. Se aprendêssemos a
“bater máquina”, como se dizia, poderíamos arrumar emprego num escritório,
livrando-nos dos rigores do trabalho que se exponha naquela época. E era preciso
bater bem. Havia concorrência, por isso as escolas mais conceituadas cobriam o
teclado com uma caixa de papelão, obrigavam a sentar ereto e a fitar o olho no
rolo de papel. Metodologia pura. O preço do sacrifício seria poder declarar no
currículo: “Bom datilógrafo”. Na hora do “teste de datilografia” – obrigatório
nas firmas, claro –, alguns se embananavam ao ter de colocar o carbono entre
duas folhas de sulfite. É operação que exige a destreza de um samurai. Quantos
e quantos venceram na vida graças às aulas do seu Tupinambá ou na Escola
Profissional Deputado Furtado Leite, instituição pública do município, que
funcionava no demolido Salão Paroquial, ora situado na esquina da Rua General
Sampaio (aqui já foi instalada uma escola profissional, que se fechou ao longo
do tempo) e por último da nova geração do Joaquim Tomás que tinha aula
especializada e se reversava em turnos. Como se sabe, essas histórias dormem em
algum lugar do passado, ao lado do Código Morse. Farejando bem, contudo, a
gente ainda encontra quem não abra mão das econômicas e ergonômicas máquinas de
escrever, e até quem tire delas o seu sustento. Já viu algum datilógrafo com
tendinites e bursites? Eu não. Isso regrada à saúde - Carregar o trambolho,
puxar o carro e desemperrar a letra “a”, sempre ela, fortalece os músculos. Porém
existe exceção – como eu... - Áureos tempos!
Antônio Scarcela Jorge
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