COMENTÁRIO
ESCASSEIES MORAL.
Nobres: - O país se tornou similar a prover vários
escândalos oriundos de vertentes diversas. Dada a sua profusão à sociedade já
considera como “normal” o que é por deveras lamentável. Na ausência de
conscientização por segmentos majoritários não se torna conceito os costumes e
a cultura de nosso povo – ‘pelo contrário!’ -. Entre outros casos que faz parte
do cotidiano natural, surge mais um: o da “falsidade ideológica”. No escândalo nacional mais recente, acusados minimizam
inclusive a falsificação de um diploma de curso superior e muitos diriam que,
na sequência de eventos, este detalhe é insignificante. Na verdade, é um dos
mais graves, pelo valor dado à obtenção de um diploma de curso superior, seja
ele de que área for, advindo da instituição mais humilde ou renomada, para um
exercício profissional. Considerado no caso uma simples exigência, talvez até
descabida, para a obtenção de um cargo garantidor de uma boa remuneração é
disso que se trata, mostra com clareza a importância dada ao conhecimento
proveniente deste diploma e ao preparo para exercer uma função capaz de
contribuir com o desenvolvimento do país. Afinal, qualquer profissão exercida
com ética, com trabalho dedicado e competente nunca trará apenas fortuna
pessoal que não tem nada de criminoso, mas também a melhoria de toda a
sociedade. O país enriquece globalmente com o enriquecimento particular de seus
cidadãos. Beneficia a todos o acesso de cada um ao conforto e ao consumo
consciente. Temos apreço pela autoridade, queremos ser acatados e respeitados,
mas nem sempre conseguimos ver o quanto a substância de todo comando só pode
vir do real conhecimento. Ainda não temos a perfeita noção do valor de um
diploma dentro desta conjuntura, num país de “bacharéis”, onde o título sempre
foi considerado importante: afinal, permitia usar o anel. Apesar da mudança de
costumes e abandono da joia característica de cada profissão, ainda não
distinguimos o certificado da sabedoria que ele deveria trazer. Qualquer um que
durante alguns anos efetivamente esteve nos bancos escolares e perdeu várias
oportunidades de simplesmente sair com os amigos porque precisava estudar
quantas e quantas vezes!, ou apresentar seus trabalhos aos professores, no fim
do processo tem uma visão mais ampla da carreira que escolheu e das
dificuldades que teve de enfrentar para adquirir competência. Aprender não é
fácil. Envolve muitas frustrações aquilo que pensávamos saber, mas descobrimos
ignorar; o sacrifício de retomar e estudar mais, mas também compensações pela
alegria de finalmente observar os próprios avanços. Se há uma resposta mais
apropriada para a valorização do diploma, é a procura por empregabilidade, já
que uma das mais importantes funções das instituições de ensino superior é a
qualificação profissional. Muito provavelmente por esta razão vemos hoje uma
crescente demanda de alunos advindos da nova classe média ao ensino superior. A
expansão da malha viária, das informações sobre o mercado de trabalho, sobre as
vantagens da educação formal, a pressão social: tudo isso colabora para a
presença desses estudantes em sala de aula e/ou uma nova opção: o ensino a
distância para dar oportunidade o acesso dessa inovação. Para esses alunos, que
chegam curiosos e com sede de oportunidades, o desejo de respeitabilidade,
possibilidade de ter melhores empregos e acesso aos bens de consumo são lícitos
e apreciáveis, sendo o ensino formal praticamente sua única chance de obtê-los.
Apenas assim valorizamos os professores,
reconhecemos a liderança de chefes aptos a nos orientar nos ofícios a serem
desempenhados, apreciamos aqueles políticos que, no interesse do bem comum,
prestam um grande serviço a toda a comunidade. Comprar um diploma quando tantos
se esforçam para obtê-lo não é apenas cometer o crime de falsidade ideológica,
mas também o de prejudicar o futuro, preservando a miséria e a ausência de
conhecimento.
Antônio Scarcela Jorge
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