STF prevê
pressão parlamentar sobre novo ministro
Antes mesmo de tomar
posse no Supremo Tribunal Federal, o novo ministro ou ministra deverá enfrentar
pressões por causa do processo do mensalão. No STF há preocupação sobre a
indicação. Apesar de não ter participado do julgamento, o futuro ministro
deverá ficar com a responsabilidade de votar recursos e decidir no futuro se a
Corte poderia ou não ter determinado a perda dos mandatos dos três deputados
condenados no processo do mensalão. A expectativa é de que a presidente Dilma
Rousseff indique em breve o nome do escolhido para o STF. Mas, para tomar posse
ele precisará passar por uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do
Senado e, fatalmente, deverá ser questionado sobre se a Corte tem ou não o
poder de decretar a perda de mandatos de parlamentares condenados em processos
criminais. O perfil do novo ministro e a data em que serão julgados os recursos
preocupam os integrantes do STF. Se demorar muito, os condenados poderão
exercer integralmente ou quase totalmente o mandato, que termina em 2014. O
assunto está em discussão no plenário do Supremo. A expectativa era que ontem o
ministro Celso de Mello desempatasse o placar, que está 4 a 4, posicionando-se
a favor do poder do tribunal de determinar a perda dos mandatos. Mas, Celso de
Mello faltou à sessão. Com isso, o Supremo não julgou o processo do mensalão e
somente deverá retomar a análise do processo na próxima semana. Recursos.
Terminado o julgamento do mensalão e publicada a decisão, os condenados poderão
protocolar recursos questionando pontos do julgamento. Um dos aspectos a serem
contestados deverá ser a perda dos mandatos. Os três deputados condenados -
João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP) -
deverão requerer que a Corte reconheça que cabe à Câmara e não ao STF resolver
o problema da perda dos mandatos. Se, por acaso, o decano votar com os
parlamentares, o Ministério Público poderá recorrer. O recém-empossado ministro
Teori Zavascki também deverá analisar os recursos. Em entrevista recente, Teori
disse que na década de 90 redigiu um artigo no qual sustentou que a discussão
sobre perda de mandato de parlamentares condenados cabe ao Legislativo e não ao
Judiciário. Se ele confirmar esse entendimento, sobrará para o novo indicado
dar a palavra final sobre a perda dos mandatos. O assunto causa polêmica entre
os ministros. Na terça-feira, o revisor do processo, Ricardo Lewandowski, disse
que a decisão é precária, será tomada por uma maioria relativa e não terá
efeitos no curto prazo. "Contra a decisão caberão embargos. No curto
prazo, não vejo nenhuma consequência prática", afirmou. "Os novos
ministros evidentemente participarão do julgamento dos embargos. E essa
decisão, de maioria relativa e, portanto, precária, porque cabem ainda embargos
infringentes, poderá ser revista pelos novos ministros que integrarão a
Corte." Outros ministros, porém, acreditam que mesmo com a entrada dos
dois novos ministros a decisão sobre a perda dos mandatos será mantida. Segundo
eles, o STF deverá reafirmar o entendimento fixado no julgamento do qual
participaram 9 dos 11 integrantes do tribunal.
Fonte: O Estadão.
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