ELIMINAÇÃO DE ENTRAVES COMERCIAIS TERÁ PRIORIDADE NA VISITA DE MACRI A TEMER.
Presidente argentino chega na terça-feira (7) para visita oficial.
Ele terá encontro com Temer e ministros dos dois países no Palácio do Planalto. Mercosul e fronteiras também estão na pauta
A eliminação de entraves comerciais entre os dois
países terá prioridade durante a visita oficial ao Brasil do presidente da
Argentina, Mauricio Macri. Ele se encontrará com o presidente Michel Temer na
próxima terça-feira (7), no Palácio do Planalto, em Brasília.
Entre os pontos considerados "entraves"
estão o tempo para emissão de licenças não automáticas de exportação de
produtos brasileiros para a Argentina e as barreiras fitossanitárias impostas
para a prevenção de contaminações biológicas e químicas.
Os presidentes deverão conversar ainda sobre o acordo
automotivo, que prevê um livre comércio do setor entre os países a partir de
2020. O tratado foi assinado no ano passado, mas ainda deve passar por ajustes.
Macri chegará à base aérea de Brasília por volta das
10h, acompanhado de uma delegação de ministros. Às 11h, no Planalto, terá
reunião “ampliada” com Temer – isso porque eles não devem conversar a portas
fechadas, mas na presença dos respectivos ministros. Após o encontro, os dois
fazem declarações à imprensa e, em seguida, almoçam no Palácio Itamaraty.
À tarde, estão programadas visitas de Macri aos
presidentes do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia. Macri e
comitiva voltam para Buenos Aires no fim da tarde.
Os presidentes Michel Temer e Mauricio Macri durante
encontro na residência oficial da Quinta de Olivos, na Argentina, em outubro de
2016 (Foto: Beto Barata / PR)
A Argentina é um dos mais importantes parceiros
comerciais do Brasil, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. Em 2015, o
país foi o terceiro maior destino das exportações brasileiras.
Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores,
entre 2003 e 2015, o comércio bilateral entre Brasil e Argentina passou de US$
9,24 bilhões para US$ 23,09 bilhões, um crescimento de 150%. No mesmo período,
o volume das exportações brasileiras para a Argentina passou de US$ 4,56
bilhões para US$ 12,8 bilhões, aumento de 181%.
As indústrias de maior relevância nas relações
comerciais são automotiva, mineradora, siderúrgica, petrolífera, têxtil,
calçadista e de máquinas agrícolas.
Ao ser efetivado na presidência no ano passado, Temer
priorizou a Argentina na sua primeira viagem internacional na América do Sul,
em outubro. Antes, tinha viajado justamente para Estados Unidos e China, os
dois principais parceiros comerciais.
De acordo com assessores do Planalto e do Ministério
das Relações Exteriores, ainda é preciso “descongelar” as relações, promover um
diálogo permanente e derrubar barreiras que impedem resultados mais produtivos
para os dois países.
A integração regional e os rumos do Mercosul, bloco
sul-americano integrado por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela,
também serão temas discutidos pelos presidentes.
Entraves comerciais.
Um dos maiores “dramas” dos exportadores brasileiros,
nas palavras de um assessor do Planalto, é a dificuldade na obtenção de
licenças não automáticas para a entrada física de produtos brasileiros na
Argentina. Esse tipo de permissão precisa ser emitido antes dos embarques ao
país vizinho.
A análise, em tese, teria de acontecer em até 60 dias,
seguindo as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Na prática, porém,
pode demorar meses, gerando custos e perdas aos exportadores.
No ano passado, o governo argentino chegou a aumentar
a lista de produtos brasileiros que necessitam da licença não automática,
atingindo importantes setores produtivos.
Também estarão na pauta de Temer e Macri a
participação de empresas brasileiras em licitações do governo argentino, e
vice-versa, as barreiras fitossanitárias entre os países.
Na avaliação do governo brasileiro, as últimas são
usadas com fins protecionistas. A intenção na visita oficial é fazer uma
“abordagem comunitária de normas”, informou um assessor.
Temer chegou a criticar essa burocracia no seu
discurso na 71ª Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York,
em setembro do ano passado.
No pronunciamento, defendeu o fim do protecionismo na
área agrícola, ressaltou o potencial do Brasil na produção de alimentos e
afirmou ser urgente que os organismos internacionais disciplinem subsídios e
eliminem distorções no mercado agropecuário.
Outros pontos a serem discutidos no encontro incluem a
hidrovia Paraná-Paraguai e a parceria nuclear entre o Brasil e a Argentina para
fins pacíficos. O Itamaraty considera que foram feitos importantes avanços no
primeiro tema, como a eliminação de taxações a comboios brasileiros na hidrovia
no semestre passado, mas é ainda preciso retomar as negociações sobre o
segundo.
“O projeto de reator conjunto baseado em Bariloche é
um problema antigo. Na verdade, do lado do Brasil, a maior dificuldade é a
falta de orçamento”, ponderou um auxiliar de Temer.
A integração regional entre o Brasil e a Argentina é
considerada fundamental para o fortalecimento do MERCOSUL pelo governo Temer. A
idéia, segundo um interlocutor do Planalto, é “resgatar o espírito original” do
bloco baseado na democracia, no livre comércio e nos direitos humanos. A
presidência temporária do Mercosul é da Argentina. No segundo semestre de 2017,
o Brasil assumirá a função.
No plano econômico serão avaliados avanços no acordo
com a União Europeia e a possibilidade de parcerias com Japão, Canadá e Coreia
do Sul.
O comércio com os Estados Unidos e o México também estarão na pauta.
Para o Itamaraty, as medidas protecionistas do presidente amerciano Donald
Trump podem fazer com que os mexicanos se voltem mais à América do Sul em busca
do espaço perdido.
Segurança nas fronteiras.
Mais um tema a ser reforçado na visita oficial é a
segurança nas fronteiras. Diante da crise penitenciária no país, ministros como
José Serra (Relações Exteriores) e Raul Jungmann (Defesa) vêm se reunindo com
representantes de nações fronteiriças para coibir o tráfico de armas e drogas,
que sustentam facções criminosas.
A iniciativa, inclusive, faz parte do Plano Nacional
de Segurança, lançado no início do ano após massacres em presídios. De acordo
com o Itamaraty, a linha de fronteira entre Brasil e a Argentina se estende por
1.261 km.
Fonte: G1 – DF.
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