JUSTIÇA FEDERAL DO RJ SUSPENDE NOMEAÇÃO
DE MOREIRA FRANCO COMO MINISTRO.
Advocacia-Geral da União recorreu ao TRF-2.
Liminar (decisão provisória) de juíza do Rio foi expedida depois de o Tribunal
Regional Federal ter derrubado outra liminar, de um juiz de Brasília.
A Justiça Federal no Rio de Janeiro concedeu liminar (decisão
provisória) nesta quinta-feira (9) suspendendo a nomeação de Moreira Franco
como ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República.
A Advocacia-Geral da União (AGU) informou que recorreu da decisão à
presidência do Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Segundo a assessoria de
Moreira Franco, ele não se pronunciará.
Um juiz de Brasília já havia tomado a mesma decisão, revertida na manhã
desta quinta pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região após recurso
apresentado pela AGU.
A decisão da juíza Regina Coeli Formisano, da 6ª Vara Federal do Rio,
foi tomada ao analisar ação popular movida pelo advogado José Agripino da Silva
Oliveira.
"Defiro o pedido de liminar vindicado, na forma da fundamentação
supra, para determinar a sustação e ou anulação do ato do Sr. Wellington
Moreira Franco ao cargo de Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral da
Presidência da República", diz a decisão da juíza.
Ela concordou com os argumentos do autor da ação de que a nomeação de
Moreira Franco afronta os princípios da legalidade e da moralidade administrativa.
O argumento é que Moreira Franco foi nomeado pelo presidente Michel
Temer, após a homologação da delação premiada de executivos e ex-executivos da
empreiteira Odebrecht, a fim de ganhar o chamado “foro privilegiado” direito de
ser investigado somente no Supremo Tribunal Federal (STF).
Moreira Franco é citado nas delações, que estão sob segredo de Justiça,
mas não há inquérito aberto para investigá-lo. Após tomar posse, na semana
passada, o ministro disse que o objetivo da nomeação era "fortalecer"
a Presidência. Temer afirmou que era uma "formalização" porque,
segundo ele, Moreira já atuava como ministro.
'Perdão' a Temer
A magistrada do Rio se desculpou com o presidente Michel Temer por sua
decisão. Peço, humildemente perdão ao Presidente Temer pela insurgência,
mas por pura lealdade às suas lições de Direito Constitucional.
Perdoe-me por
ser fiel aos seus ensinamentos ainda gravados na minha memória, mas também nos
livros que editou e nos quais estudei. Não só aprendi com elas, mas, também
acreditei nelas e essa é a verdadeira forma de aprendizado.
Ainda de acordo com a decisão, a atitude de Temer foi similar à da
presidente afastada Dilma Rouseff, quando nomeou o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva para o cargo de ministro da Casa Civil.
A primeira decisão contra
a nomeação de Moreira Franco, expedida por um juiz de Brasília, também citava a
nomeação de Lula.
"Por outro lado, também não se afigura coerente, que suas promessas
ao assumir o mais alto posto da Republica sejam traídas, exatamente por quem as
lançou no rol de esperança dos brasileiros, que hoje encontram-se indignados e
perplexos ao ver o seu Presidente, adotar a mesma postura da ex-presidente
impedida e que pretendia também, blindar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva."
A nomeação de Moreira Franco virou objeto de críticas de parlamentares
da oposição, sob o argumento de que o objetivo foi "blindar" o
ministro, citado em depoimento de um dos delatores de investigações na Operação
Lava Jato – como ministro, ele ganhou o chamado "foro privilegiado" e
só pode ser investigado com autorização do Supremo Tribunal Federal.
Partidos e parlamentares decidiram então recorrer à Justiça para
suspender a nomeação de Moreira Franco.
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP)
recorreu à Justiça Federal do Amapá; o PSOL entrou com uma ação popular na
Justiça Federal de Brasília; o partido Rede pediu o afastamento de Moreira ao
Supremo Tribunal Federal (STF); um grupo de parlamentares de oposição fez uma
representação à Procuradoria-Geral da República.
Um juiz federal do Distrito Federal concedeu uma liminar (decisão
provisória) que suspendia a nomeação do ministro, ao analisar ação impetrada
por três cidadãos. A Advocacia Geral da União recorreu no mesmo dia ao Tribunal
Regional Federal da 1ª Região (TRF-1)
O TRF-1 cassou a liminar concedida pelo juiz de Brasília.
Após o anúncio da cassação da liminar do juiz de Brasília, uma juíza
federal do Rio de Janeiro, ao analisar ação impetrada por um advogado, voltou a
suspender a nomeação de Moreira. A AGU recorreu ao TRF da 2ª Região.
Fonte: Agência Brasil.
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