DELATOR DIZ QUE EIKE PAGOU PROPINA A CUNHA PARA RECEBER INVESTIMENTOS DO FGTS.
Alexandre Margotto prestou as informações em depoimento de delação
premiada; ele disse que Eike pagou propina também a Lúcio Funaro, operador de
Cunha.
O empresário Alexandre Margotto revelou em sua delação premiada que Eike
Batista pagou propina ao ex-deputado Eduardo Cunha para que o Fundo de
Investimento do FGTS colocasse dinheiro em empresas de seu grupo. Em 2012, o
FGTS investiu R$ 750 milhões na empresa LLX, então pertencente a Eike, para
obras no porto de Açu.
Margotto é ligado a Lúcio Funaro, apontado como operador de Cunha em
esquemas de corrupção investigados pelo Ministério Público. Segundo Margotto,
Funaro também recebeu propina de Eike. A TV Globo teve acesso ao depoimento de
Margotto.
Eike, Cunha e Funaro estão presos. Margotto foi denunciado em outubro do
ano passado pelo Ministério Público Federal junto com Cunha, Funaro e Fábio
Cleto, ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica
Federal. Cleto era um dos canais de influência de Cunha no banco federal.
De acordo com Margotto, Funaro contou a ele que se encontroi com Eike em
um jantar em Nova York . Algum tempo depois segundo Margotto, o investimento do
FGTS na empresa de Eike foi liberado, com a autorização de Cunha.
"Eu sei que depois de um tempo, ou o Lúcio ou o próprio Eduardo
Cunha, teve sim, um acerto. Mesmo porque o Fábio Cleto me falou que o Eduardo
tinha pedido para ele seguir com a operação", afirmou Margotto na delação.
Ele disse ainda que Funaro se gabava em ter o poder de dizer
"não" a eventuais pedidos de Eike.
"O Eike, na época, era considerado entre os dez homens mais ricos
aí do planeta. E [o Lúcio Funaro] falando: 'ah, ele Eike acha que eu vou lá
conversar com ele. Eu não vou não.
Ele que venha até meu escritório. Se ele acha que ele tem a turma do PT,
ele vai ver a dificuldade que ele vai ter para pegar esse empréstimo. Então, é
nunca com nunca mais.' E assim, meio se enaltecendo pelo poder do não, do
veto", disse Margotto.
Questionado pelos procuradores durante a delação premiada, Margotto
disse que não sabia ao certo o valor da propina que, segundo ele, foi paga por
Eike.
"Eu não me recordo, mas algo em... Eu não acredito que tenha sido
mais do que um e meio, eu não me lembro", afirmou.
A Caixa Econômica Federal afirmou que está em contato permanente com as
autoridades, prestando irrestrita colaboração com as investigações em curso.
A defesa de Lúcio Funaro informou que o cliente chegou a receber ameaças
de Margotto, registradas inclusive, em boletim de ocorrência.
Ex-ministro.
Margotto revelou em sua delação também, como mostrou reportagem do
Fantástico neste domingo (19), detalhes da ligação do ex-ministro Geddel Vieira
Lima com um suposto esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal.
O acordo de Margotto com a Justiça revela ainda o suposto envolvimento
do empresário Joesley Batista, dono do grupo J&F, com as operações
irregulares no banco federal. As defesas de Joesley e Geddel negam relação com
Alexandre Margotto (leia mais abaixo).
De acordo com Alexandre Margotto, o grupo de Cunha operava com Fábio
Cleto e também com Geddel Vieira Lima, ex-secretário de governo Michel Temer,
filiado ao PMDB, que na época era vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa.
A ligação de Geddel com o esquema foi revelada em janeiro, durante a
operação Cui Bono, da Polícia Federal. Nessa época, ele já tinha deixado o
governo em meio a denúncias de uso do cargo para benefício próprio. Os
depoimentos dele foram gravados em vídeo pelo Ministério Público, em Brasília.
Margotto contou que Funaro tinha grande influência sobre Geddel na
Caixa.
"Não faço ideia. Quando eu cheguei no escritório já tinham esse
relacionamento. Segundo o Lúcio, ele mandava no Geddel", declarou.Margotto
contou ainda na delação premiada que, para Lúcio Bolonha Funaro, Geddel era
mais eficiente para o esquema do que Fábio Cleto, com quem Funaro chegou a
brigar e ameaçar de morte.
De acordo com o depoimento, Funaro ganhou muito dinheiro com Geddel.
"Somente o que Lúcio me comentava, que ganhava mais dinheiro com o
Geddel do que com o próprio Fábio", disse o empresário.
A defesa de Fábio Cleto disse, por telefone, que ele está colaborando
com a Justiça espontaneamente.
A reportagem não conseguiu contato com as defesas de Eike Batista e
Eduardo Cunha.
Fonte: Reuters BR.
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