SCARCELA JORGE |
COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
Nobres:
hoje, domingo dia 19 de fevereiro, ou seja, apenas 50 dias após o início
do novo ano, o brasileiro atingirá a marca de R$ 300 bilhões pagos em impostos
nas três esferas do poder somente em 2017. É isso mesmo! Em 50 dias, as
prefeituras, governos estaduais e governo federal encheram as burras com 300
bilhões de reais que saíram do bolso do trabalhador e do setor produtivo
brasileiros. A marca recorde deve ser atingida pelo Impostômetro para pedir em
tempo real o volume de impostos que o cidadão paga, por volta das 11 horas de
domingo e cabe lembrar que o volume de R$ 300 bilhões em impostos foi atingido
no ano passado no dia 21 de fevereiro, ou seja, a fome arrecadadora dos
governos está maior neste ano. Isso ocorre porque a carga tributária é cada vez
maior e incide em efeito cascata sobre tudo que é produzido, a ponto de o
contribuinte pagar duas e até três vezes o mesmo tributo, sobretudo o Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), na esfera estadual, e o
Imposto Sobre Serviço (ISS), na esfera municipal. Levantamento realizado pelo
Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) sobre os produtos
consumidos no carnaval, por exemplo, revela o abuso tributário do governo. A
caipirinha, por exemplo, um dos produtos típicos do Carnaval, tem carga
tributária de 76,66%, sendo 1,65% referente ao PIS, 7,60% à COFINS, 25% ao
ICMS, 35% ao IPI e 7,41% a outros tributos. Mais: uma máscara de lantejoulas é
tributada em 42,71%, sendo que 1,65% é destinado ao PIS, 7,60% à COFINS, 18% ao
ICMS, 12% ao IPI e 3,42% a outros. Nem o confete e a serpentina escapam da fome
tributária do governo, com 43,83% de seus preços são cobrados para pagar
tributos, sendo 1,65% para o PIS, 7,60% vão para a COFINS, 25% vão para o ICMS,
5% vão para o IPI e 4,58% vão para outras destinações. Em meio a tanto imposto,
uma pergunta não quer calar: para onde está indo todo esse dinheiro se o
cidadão tem cada vez menos acesso aos serviços públicos essenciais? Criado em
abril de 2005, o Impostômetro chegou ao final daquele ano marcando uma
arrecadação de R$ 550 bilhões nas três esferas de poder, com esse montante
saltando para R$ 816 bilhões no ano seguinte quando houve a contabilização
integral dos 12 meses e atingiu a marca de R$ 925 bilhões em 2007 para, pela
primeira vez na história, superar a marca de R$ 1 trilhão em 2008. Em 2009 o
volume de imposto arrecadado nas três esferas do poder ficou em R$ 1,088
trilhão em impostos federais, estaduais e municipais, e em 2010 foram R$ 1,3
trilhão arrecadados por prefeituras, governos estaduais e governo federal.
Desde 2014 o volume arrecadado em impostos por ano passa de R$ 2 trilhões e somente
neste ano 300 bilhões de reais, comprovando que o Brasil pratica uma política
tributária nefasta para o contribuinte, perdendo em arrecadação para países
como a Itália e França, mas arrecadando o mesmo que Alemanha e Canadá. Contudo,
se comparada a renda per capita anual do Brasil com a de outros países que
arrecadam aproximadamente o mesmo percentual do Produto Interno Bruto (PIB), os
contribuintes brasileiros ficam em desvantagem porque mesmo pagando quase a
mesma quantidade de impostos recebem de volta muito menos serviços de saúde,
educação, segurança, habitação, saneamento, cultura, esporte e lazer. É uma
situação que não deveria ocorrer, mesmo porque quando o dia 31 de dezembro
chegar será mais de R$ 2 trilhões em impostos. O fato é que de janeiro a 31 de
maio, o brasileiro trabalhará apenas para pagar tributos como o Imposto de
Renda, IPTU, IPVA, PIS, COFINS, ICMS, IPI, ISS, contribuições previdenciárias,
sindicais, taxas de limpeza pública, coleta de lixo, iluminação pública e
emissão de documentos. Mais: os 150 dias trabalhados pelo brasileiro só para
pagar impostos ultrapassam países como México, onde a carga tributária consome
91 dias de trabalho; o Chile, que consome 92 dias; a Argentina, com 97 dias; os
Estados Unidos, com 102 dias; a Espanha, com 137 dias e a França onde o
contribuinte trabalha 149 dias por ano para pagar impostos. A carga tributária
do brasileiro só não é mais pesada que a da Suécia, onde o contribuinte
trabalha 185 para pagar impostos. Pelo andar da arrecadação, com o país
atingindo a marca de R$ 300 bilhões neste domingo, é muito provável que num
futuro próximo o país esteja arrecadando R$ 3 trilhões em impostos por ano,
enquanto a população terá serviços públicos cada vez pior. É caso que
“massacra” o cidadão brasileiro.
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