Votação das
propostas para alterar texto ficou para a próxima quarta (22).
Adiamento foi acertado em reunião de líderes e aprovado depois no plenário.
Adiamento foi acertado em reunião de líderes e aprovado depois no plenário.
Após reunião de líderes, a Câmara aprovou nesta quarta-feira (15), por meio de um acordo entre os
partidos, um requerimento de retirada de pauta do projeto que regulamenta a
contratação de empregados terceirizados pelas empresas. Com isso, a conclusão
da votação do projeto ficou para a próxima quarta (22).
O texto
principal do projeto foi aprovado na semana passada.
Agora, para que a tramitação da matéria seja concluída, é necessária a votação
dos destaques (propostas de alteração de trechos do texto).
O adiamento da votação era
defendido pelo governo, que conseguiu a adesão de partidos de partidos da
oposição, entre os quais o PSDB, e de algumas siglas da base aliada. Um dos
trechos polêmicos da proposta é o que permite a terceirização de qualquer
atividade. Atualmente somente as chamadas atividades-meio das empresas podem
ser terceirizadas, mas não as atividades-fim. Ou seja, uma universidade
particular pode contratar de uma empresa terceirizada profissionais de limpeza
e de segurança, mas não professores.
“Eu sou contra o adiamento. Meu
compromisso é com a votação, não é com o conteúdo. A gente sabe que é da
política fazer adiamentos para construir acordos. Mas pessoas que são contra
tendem a adiar todas as votações e na medida em que vai votar constroem o
entendimento”, afirmou o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha.
Esse não é meu projeto, não é de
minha autoria. “Não tenho compromisso com a tese A ou B. Meu compromisso é que
a Câmara vote e mostre produtividade.” Deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
presidente da Câmara.
Segundo Cunha, o acordo teve
adesão de vários partidos (PT, PMDB, PSDB, PRB, PR, SD, DEM, PDT, PPS e PV) e
prevê que os deputados votem contra qualquer requerimento de retirada de pauta
que eventualmente seja apresentado na próxima sessão e não permitam a obstrução
de qualquer outra matéria que possa trancar a pauta nesse intervalo.
Apesar de não ter conseguido
votar o texto nesta quarta, conforme pretendia, Cunha disse não entender o
adiamento como uma “derrota”. “Esse não é meu projeto, não é de minha autoria.
Não tenho compromisso com a tese A ou B. Meu compromisso é que a Câmara vote e
mostre produtividade”, declarou.
O líder do governo na Câmara,
deputado José Guimarães (PT-CE), passou o dia em negociações com partidos da
base e da oposição na tentativa de garantir mais tempo para a discussão do
texto.
“Acho que prevaleceu o bom senso.
Vou apresentar ao relator uma proposta de mesa de negociação, com a
participação de empresários e sindicatos, para negociar um acordo até
quarta-feira”, disse.
Inicialmente, parlamentares
contrários ao projeto tentaram adiar a votação por meio da aprovação de um
requerimento que tirava o texto de pauta. Apesar de verificar que o adiamento
tinha a adesão de vários partidos, Eduardo Cunha anunciou que insistiria na
votação, abrindo outras sessões extraordinárias para discutir a proposta.
Com essa decisão de abrir sessões
sucessivas nesta quarta, os partidos que desejavam adiar a análise do projeto
teriam que apresentar em cada nova sessão requerimento pedindo a retirada de
pauta.
No microfone do plenário, o líder
do PSOL, Chico Alencar (RJ), criticou a postura do presidente da Câmara. “Vai
ser uma guerra insana, em violação à soberania do plenário. Tem que ter
capacidade de diálogo”, disse.
Após apelos dos parlamentares,
Cunha interrompeu a sessão e chamou os líderes para uma reunião no gabinete,
onde foi feito o acordo para o adiamento da votação.
Após o adiamento, o
ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, divulgou
nota na qual afirmou que agora o momento é de “retomada do diálogo”. “Diante da
decisão do plenário da Câmara dos Deputados de adiar a votação do PL 4330, é momento
de retomarmos o diálogo entre os trabalhadores, empresários, governo e
Congresso Nacional numa mesa de negociação”, disse o ministro na nota.
Arrecadação do governo.
A principal preocupação do
governo em adiar o projeto é garantir a arrecadação em tributos e contribuições
previdenciárias.
Na semana passada, o secretário
da Receita Federal, Jorge Rachid, esteve reunido com o relator do projeto,
Arthur de Oliveira Maia, para pedir mudanças no modelo contribuição ao
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e aumentos no percentual que a
empresa contratante terá que reter do contrato para pagar tributos, como
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e Imposto de Renda.
Após o anúncio do adiamento da
votação, o G1 presenciou uma
conversa, no Salão Verde, entre o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), e o
relator do projeto, Arthur de Oliveira Maia (SD-BA), sobre o motivo de reabrir
negociações sobre o texto.
O relator perguntou a Guimarães:
“O que o governo quer?". Ao que o petista respondeu: “A gente quer aquilo
que a Fazenda reivindicou”.
Em seguida, Arthur Maia disse ao G1 que o governo quer negociar trechos
que afetam a arrecadação da União.
O relator rejeitou proposta do
governo para que as alíquotas de contribuição ao INSS fossem de 11% ou 5,5%
sobre o faturamento das empresas terceirizadas.
Atualmente, conforme Arthur Maia,
empresas que terceirizam mão-de-obra, ou seja, que trabalham com cessão de
profissionais, e não de maquinário, pagam uma alíquota de 11% sobre a receita
bruta para a Previdência.
Já empresas que terceirizam
outros serviços, como transportes de carga e valores, pagam ao INSS uma
alíquota de 20% sobre a folha de pagamento.
O governo inicialmente queria que
fosse estendida para todas as empresas a cobrança da alíquota de 11% sobre o
faturamento.
No entanto, diante da resistência
do relator, o Planalto propôs manter os 11% para terceirização de mão-de-obra e
cobrar das demais empresas 5,5% sobre o faturamento.
O relator recusou a proposta por
acreditar que o percentual, ainda que menor, poderá representar aumento de
tributos, já que incide sobre o faturamento, e não sobre a folha de pagamento.
Fonte: Agência Brasil.
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