CUSTO PARA EVITAR RACIONAMENTO SERÁ ALTO.
As manobras do governo federal
para evitar um racionamento de energia elétrica neste ano poderão custar tão
caro para a sociedade quanto um programa de redução de consumo. Nos últimos
meses, com o forte desgaste político da administração da presidente Dilma
Rousseff, o Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) lançaram mão de uma série de medidas para aumentar a oferta e
diminuir a demanda de energia. Quase todas implicarão aumento da conta de luz.
Uma das mais relevantes é a
portaria que autoriza a compra de energia de shoppings centers, supermercados e
demais empresas que tenham geradores elétricos. Por causa do alto custo, as
empresas deixam esse tipo de equipamento em stand by para eventuais quedas de
energia do sistema (calcula-se que a capacidade instalada no País com esses
geradores supere 7 mil MW). Agora elas poderão lucrar com o equipamento. Para
cada megawatt hora (MWh) produzido com óleo diesel, será pago R$ 1.420,34; e, a
gás natural, R$ 792,49.
A regulamentação da medida deve
sair nas próximas semanas para início de geração a partir de maio. Mas,
enquanto os donos de geradores tendem a lucrar com a medida, os demais
consumidores vão arcar com os custos altos. Num cálculo conservador feito pela
Comerc Comercializadora, supondo que a oferta de energia atinja 1 mil MW médios
e que o gerador produza durante 60% do tempo, a despesa pode chegar a R$ 5
bilhões em oito meses. Há quem aposte que a oferta possa alcançar mais de 2 mil
MW, o que significaria mais de R$ 10 bilhões.
"É uma solução paliativa, a
toque de caixa", afirma o diretor da consultoria Thymos Energia, Ricardo
Savoia. Embora defenda a geração própria de energia, ele acredita que é preciso
ter cuidado com a quantidade e qualidade do produto. No caso do diesel, a
energia é cara e causa graves prejuízos ao meio ambiente se for usada de forma
intensiva.
Além da contratação dos
geradores, o governo também ampliou a possibilidade de importar energia da
Argentina e do Uruguai. Na quarta-feira, o Ministério de Minas e Energia
publicou no Diário Oficial da União a autorização para que a Petrobrás e a
Eletrobrás sejam responsáveis pela operação.
A importação, no entanto, ainda é
uma dúvida já que no inverno o consumo de energia é alto na Argentina. Se
sobrar alguma coisa para vender ao Brasil, o preço será alto, afirma o
presidente da Comerc, Cristopher Vlavianos. Pelas regras estabelecidas pelo
ministério, o custo de importação que superar o preço do mercado à vista (o
chamado PLD) será coberto pelo Encargo de Serviço do Sistema (ESS), pago por
todos os brasileiros.
As duas medidas (compra de
energia térmica e importação) têm o objetivo de preservar a água dos
reservatórios - até 1.º de abril, o nível das represas do Sudeste/Centro-Oeste
estavam em 28,8%, abaixo dos 30% esperados pelo governo. Mas ao reduzir a
energia hídrica, o governo tende a ampliar o rombo entre os geradores, que vão
produzir menos do que a garantia física. Antes mesmo de se cogitar a possibilidade
de contratar energia de shoppings e supermercados, a expectativa de prejuízo
das geradoras superava R$ 20 bilhões com a queda de produção.
As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.
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