COMENTÁRIO.
Scarcela Jorge.
ENFIM O BRASILEIRO PARECE SER O CONDENADO.
Nobres:
A cada dia que passa o povo brasileiro
parece ser o condenado pelos efeitos causados pela facção organizada
encastelada no poder acompanhados pelos interesseiros, os “pseudo da intelectualidade”,
fanática do petismo, que imaginam confrontar com a realidade do cenário
deprimente que ora passa a sociedade brasileira. Por fatos evidentemente
provados, quanto mais passam os anos e danos, e esse grande ferimento contra
nosso país parece institucionalizar-se, os grandes condenados não são os
corruptos, somos nós. Eu, tu, eles, de um sujeito que os tempos modernos
sugerem cada vez menos passividade a sua oração. Youssef disse que a corrupção
foi facilitada pela construção política do país. Mas isso não é do hoje, do
ontem. É do além sempre. Essa construção superavitária de si foi construída por
ela mesma. Existe algum grande Cristo que hoje colocaríamos na cruz, para pagar
os pecados e dinheiro público que nos foi lesionado? Não há. Como disse
Verissimo, não há poesia que nos sustente neste momento. Vamos todos ser poetas
e fingidores, como o imortal Pessoa, e tentar a fingir o que já sentimos? Não
somos sujeitos neste país. Estamos sujeitos. A insegurança, aos faturamentos
públicos, aos déficits morais. Nem mais o Brasil é sujeito de si mesmo, “o
impossível feito possível”. E aqui o fizemos. A corrupção é a grande ação
pública deste país. É o nosso grande progresso ante o tempo-espaço, e o
esquecimento de nossa história. Mas não há como personificá-la. Temos como
personificar o Estado como corrupto. Mas atribuições individuais,
subjetividades, partidos, é o mesmo que falar num enrolamento lírico que somos
cegos, e então conseguimos ver a escuridão. E até a escuridão neste país foi
institucionalizada. A corrupção parece ter uma própria utopia de ação. Seríamos
nós a antítese do mundo? Nós somos a negação, que torna verídico o existente. Num
pós-modernismo, em que o mundo cria laços de conectividade, o Brasil se desata.
Desata seu ato, desata “nós”. Coloquem a corrupção na cruz. Mas primeiro achem-na.
Que não seja numa carência. Numa constituição, num martelo. Compreendam seu
sujeito, que existe independentemente do tempo, e perpetua-se no poder
independentemente de partidos. E a execraremos de uma nação, na sociedade comum
que ela mesma abominou. E a julgaremos com a constituição que ela mesma ergueu.
Atinaremos mas dizemos. Ela não está sujeita a sua constituição. Ela não está
sujeita a ela própria. Ela não está sujeita a um fingimento deveras. Ela é o
grande sujeito de nossa própria história. Talvez a presidenta ressuscite.
Antônio Scarcela Jorge.
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