Presidente da Câmara debateu com
deputados nesta quarta os destaques do projeto da terceirização, mas decidiu
adiar a votação para a próxima semana.
Em uma quarta-feira marcada por
protestos de centrais sindicais em todo o país, a votação dos destaques do polêmico
projeto de lei da terceirização (PL 4330/04) na Câmara dos Deputados foi adiada
para a próxima semana, em Brasília.

"Vamos produzir um acordo
para que a votação não seja emperrada", disse Cunha.
A principal mudança que o projeto
traz é a permissão de que empresas terceirizem não só atividades-meio (funções
de apoio ao negócio central da empresa, como limpeza e vigilância), mas também
as atividades-fim (por exemplo, a fabricação de carros, no caso de uma
montadora). Esse é exatamente o ponto que gera divergências entre os partidos
na Câmara.
Protestos.

Protestos em Brasília tiveram
faixa com deputados que votaram a favor da lei da terceirização.
Em algumas capitais, os protestos
ocorreram principalmente em rodovias, que ficaram com o trânsito interditado
por algumas horas. Em Porto Alegre e Salvador, houve paralisação dos
rodoviários pela manhã, o que afetou o transporte público das duas cidades.

Em outros pontos da capital,
movimentos de luta pela moradia e outros movimentos de trabalhadores também
fizeram protestos.
As centrais sindicais alegam que
o projeto da tercerização seria um 'retrocesso' nas conquistas trabalhistas. Do
outro lado, quem argumenta a favor da lei, diz que ela 'gerará mais empregos' e
que 'protegerá' os cerca de 15 milhões de trabalhadores terceirizados que já
estão no mercado.
São Paulo.
A Avenida Paulista, que era verde
e amarela no último domingo, ficou vermelha na tarde desta quarta-feira. O
protesto marcado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), no entanto, teve
bem menos adesões do que a manifestação do fim de semana, que pedia o
impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Um dos protestos em São Paulo
aconteceu em frente ao prédio da Fiesp (Federação das Indústrias de SP).
"Nosso protesto é de
trabalhadores e muitos estão trabalhando, não puderam estar aqui", disse
um dos manifestantes à reportagem. "É que não contamos com a mesma
divulgação que eles contam na grande mídia, mas todos os trabalhadores deveriam
estar aqui", afirmou uma professora, que não era ligada às entidades
organizadoras do protesto, mas foi à manifestação porque é contra a lei da
terceirização.
O local escolhido para protestar
foi simbólico: o prédio da FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo), que é
uma das grandes defensoras do projeto de lei. Durante o ato, manifestantes
queimaram bonecos do presidente da entidade, Paulo Skaf, do presidente da
Câmara, Eduardo Cunha, e do deputado do partido Solidariedade, Paulinho da
Força, esse último foi hostilizado pelos manifestantes, que levaram vários
cartazes com a mensagem: 'Paulinho: Solidariedade só se for aos patrões.
O deputado, que é também
presidente da Força Sindical, defende a nova lei. "O projeto regulamenta
uma atividade que é realizada há anos no Brasil e dá tranquilidade ao
trabalhador", afirmou.
No entanto, para quem estava no
protesto, a lei será 'um retrocesso'. "Vamos voltar ao período da
escravidão. Se isso passar, os trabalhadores que hoje são contratados direto
vão ser demitidos e vão ser contratados como terceirizados", disse Marli,
uma das militantes da CUT, à BBC Brasil.

Cartazes com críticas ao deputado
Paulinho da Força eram distribuídos na Paulista.

O presidente da FIESP, Paulo
Skaf, que defende o projeto, afirmou em artigo recente no jornal Folha de
S.Paulo que "com a regulamentação do trabalho terceirizado, o Brasil
irá se alinhar às mais modernas práticas trabalhistas do mundo".
As primeiras manifestações na
Paulista começaram de manhã e só terminaram à noite, quando o grupo de
sindicalistas caminhou em direção à sede da Caixa para encontrar o protesto
pela Moradia que estava acontecendo em frente ao prédio. No encontro, os manifestantes
entoaram junto o hino nacional.
Fonte: BBC Brasil.
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