domingo, 5 de abril de 2015

NO CEARÁ, TEM DISSO SIM! PRESENTE NA ROUBALHEIRA

 OBRAS LENTAS OU PARALISADAS.
OS EFEITOS DA LAVA JATO NO CEARÁ.

Quatro meses após a Operação Lava Jato determinar a prisão dos primeiros executivos das maiores empreiteiras do País, as principais obras executadas por empresas envolvidas no escândalo têm andamento prejudicado no Ceará.

A partir da próxima segunda-feira, 6, a construção do Centro de Formação Olímpica (CFO), no valor de R$ 250 milhões, e do anel viário, orçado em R$ 240 milhões, serão paralisadas por tempo indeterminado.

< TARDA MAIS CHEGA.

A interrupção nos trabalhos de duas das importantes obras do Ceará foi confirmada pela própria construtora responsável, a Galvão Engenharia. Em nota, a companhia diz que o CFO será paralisado por “falta de pagamento” e o anel viário, por “não haver definição de ritmo nos trabalhos”. Dois executivos do alto escalão da empreiteira estão presos na Operação Lava Jato. Apesar disso, o governo diz que os projetos estão garantidos.

Na última quinta-feira, O POVO visitou canteiros de três grandes obras em execução no Estado. Além do CFO e do anel viário, tocados pelo Estado, foi visitada também a obra de requalificação da avenida Beira-Mar, realizada pela Prefeitura de Fortaleza. Iniciada em fevereiro de 2013 e ainda na primeira etapa, ela está sob responsabilidade da Camargo Corrêa, outra empresa investigada na Lava Jato.

Segundo especialistas, as empresas envolvidas na operação que desviou dinheiro da Petrobras terão dificuldades para contrair empréstimos.

Com os desdobramentos da Lava Jato, instituições financeiras temem o calote.

De acordo com o chefe de gabinete do Governo do Estado, Élcio Batista, os efeitos das investigações em “nada afetarão” o Ceará. “Os contratos estão sendo acompanhados”, assegura. Batista afirma que os entraves se devem à complexidade das intervenções. “No anel viário, por exemplo, existem desapropriações. Tudo isso será resolvido. As obras estão garantidas.”

Abandono

< VIRÁ POR CERTEZA!

Na visita aos canteiros, porém, a situação encontrada foi outra. Em trechos do anel viário, para o qual já foram liberados R$ 154,8 milhões, os únicos funcionários trabalhando eram vigias. Nos dois viadutos previstos, os sinais são de abandono, com material já danificado.

No CFO, o movimento na manhã da última quinta-feira era reduzido. No local, um grupo de operários informou que estava “tudo parado”, à exceção da instalação do gramado no entorno do prédio, que já acumulava lixo. Até agora, o Estado desembolsou R$ 196,1 milhões pela obra.

Na primeira fase da requalificação da Beira Mar, os trabalhos no Mercado dos Peixes estão em ritmo lento.

Na quinta-feira, havia poucos trabalhadores no local. Em alguns galpões, apenas uma dupla de operários dava acabamento a um dos boxes.

 RESPOSTA

1 Em nota, a Secretaria dos Esportes do Ceará (Sesporte) afirmou que o cronograma do CFO foi readequado para o fim de junho. Segundo a pasta, falta apenas a conclusão do sistema de refrigeração do ginásio principal, que é “extremamente complexo”. A Sesporte confirma ainda diminuição recente no número de operários no canteiro, em decorrência da redução da “complexidade” das etapas da obra nos últimos meses.

2 O POVO tentou entrar em contato com a Secretaria do Turismo de Fortaleza, por meio do celular do secretário Elpídio Nogueira e da assessoria de imprensa, mas não obteve resposta.
A Camargo Corrêa, que toca as obras de requalificação da avenida Beira-Mar, também foi procurada, mas sem sucesso. Nas últimas semanas, no entanto, a pasta vem reforçando prazo de entrega do Mercado dos Peixes - inicialmente previsto para fevereiro para o mês de junho. Ela afirma que obra já está em estágio final.

3 Sobre o anel viário, Élcio Batista, chefe de gabinete do Governo do Estado, destaca que a ação possui alta complexidade, sendo demandados estudos sobre desapropriação de residências atingidas pelo projeto.

Ele destaca, no entanto, que o governo tem experiência de controladoria interna “entre as mais bem sucedidas do País” e que tudo será acompanhado de perto pelo governo.

Centro Olímpico

Orçada em R$ 250,4 milhões, já teve liberados R$ 196,1 milhões. Com paralisação anunciada para a próxima segunda-feira, a obra já estava adiantada em campos e alojamentos. Ideia é criar centro para formar atletas de olho nas Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro.

Anel viário

A obra, ligando municípios da Região Metropolitana de Fortaleza, ainda está bastante atrasada em alguns pontos. Dois viadutos previstos, por exemplo, estão abandonados e causam constantes engarrafamentos. Orçada em R$ 240,8 milhões, já recebeu R$ 154,8 milhões.

Avenida Beira Mar

A obra, orçada em R$ 231,9 milhões, se encontra quase parada em seu primeiro estágio, o do Mercado dos Peixes. Com prazo de entrega para junho,comerciantes estão vendendo pescado em boxes improvisados na Beira Mar, a maioria com estrutura precária.

NÚMEROS

728 milhões de reais é o valor das três ações tocadas por Estado e Prefeitura de Fortaleza.

4 executivos presos pela Lava Jato integravam o alto escalão da Galvão e da Camargo Corrêa. Atrasos com obras realizadas por empresas envolvidas na Operação Lava Jato não são exclusividade do Ceará. No Rio de Janeiro, empreiteiras que gerenciam obras para as Olimpíadas de 2016 já anunciaram demissões de operários. As mudanças colocam em xeque obras como as do Complexo Esportivo de Deodoro, que teve 550 operários demitidos.

Afundada em dívidas, a OAS, uma das empresas envolvidas, tenta vender sua participação na gerência das arenas Dunas e Fonte Nova, em Natal e Salvador, respectivamente.

No Ceará, empreiteiras investigadas na Lava Jato tocam as obras da Transnordestina e da transposição de rio São Francisco. O projeto da ponte estaiada também será feito por uma das empresas - a OAS. As obras da Transnordestina no Estado também executadas pela Odebrecht, envolvida no escândalo. No fim do ano passado, a obra passou para a Marquise.
Fonte: O POVO.

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