domingo, 19 de abril de 2015

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - DOMINGO, 19 DE ABRIL DE 2015



COMENTÁRIO.
Scarcela Jorge.

EM TESE, PODERIA SER A ESSÊNCIA DO PARLAMENTARISMO.

Nobres:
Dentro da crise econômica, financeira e moral, onde o imperativo da corrupção se encastela no governo, vem a mente alternativas para empreender uma profunda reforma política, ou a convocação de uma assembleia Constituinte no sentido de instituir uma nova Carta  Magna, se for por intenção, eleger por escolha universal e de soberania popular, entre os notáveis ou não com a missão exclusiva de elaborar a nova Constituição e por ensejo escolher principalmente a forma de governo que iria especificar. – continuar com o presidencialismo onde o Presidente da República é o Chefe de Estado e de Governo. Esta oportunidade se deu para o povo se manifestar através do voto, onde uma larga escala de propaganda orquestrada por adeptos do presidencialismo direcionou “as massas” de manobra que sempre foi o povo nas circunstâncias pretéritas. Por outro lado a de se considerar que as principais nações do mundo modernizadas e conservadoras em comum exercitam o sistema parlamentarista por ser estável nas ações de governo que solidifica o Chefe de Estado como essencialmente magistrado. O presidencialismo compromete o país quando na forma direcional de administrar, urge determinadas crises que responsabiliza em todos os aspectos. Diante do contexto, faz lembrar que o Brasil poderia se expressar, caso fosse este sistema. Mesmo no presidencialismo o parlamento brasileiro é desafiado a fazer bom uso das circunstâncias que acabam por fortalecê-lo, no contexto de fragilização do governo e de dilemas políticos e econômicos. Criou-se a oportunidade de resposta a questões que o Congresso, muitas vezes com a anuência do Executivo, vem se negando a enfrentar. O ambiente para isso tem a contribuição das decisões da presidente da República de transferir a articulação política para o vice Michel Temer e de nomear mais um peemedebista para o seu ministério. Passa a ser encargo prioritário do PMDB a superação do impasse político, o que inclui a gestão de setores rebelados do principal partido da base aliada, representados pelos presidentes das duas casas legislativas. É uma tarefa grandiosa, a começar pelo fato de que parte do próprio parlamento está sob suspeita, com alguns de seus membros sob investigação por envolvimento em corrupção no caso da Petrobras. O que poderia, no entanto, significar a fragilização automática do parlamento pode ser a chance da remissão. Câmara e Senado vêm acumulando dívidas com a nação, em determinados momentos por omissão, ao tratar com desprezo pautas que a sociedade oferece aos seus representantes. Em outros, falha por adesão às imposições do Executivo, que vem determinando, não só no atual governo, o que e quando o parlamento deve votar, com as armadilhas das medidas provisórias. Foi assim que o Congresso brasileiro, titubeante no seu poder de legislar, transferiu atribuições inclusive ao Supremo Tribunal Federal, que interferiu de forma positiva, em vácuos legais, como a liberação das pesquisas com células-tronco e o reconhecimento da união homoafetiva. Mas, por mais paradoxal que pareça, num momento de instabilidade política, pode ter chegado o momento de o Congresso reagir à própria inoperância. A disposição explícita dos comandantes da Câmara e do Senado de não se submeterem sumariamente às vontades do governo cria as condições para a mudança, se a oportunidade não for desperdiçada. Espera-se e cobra-se do Congresso o encaminhamento da pauta da reforma política. É o momento para que delibere sobre projetos como o que reduz o número de ministérios de 38 para 20 e dê efetividade ao debate das reformas tributária e previdenciária e da modernização da legislação trabalhista. Mesmo que seja ilusório almejar a autonomia absoluta do Congresso, com total independência em relação ao Executivo, espera-se que o parlamento ponha à prova a decisão de seus líderes de fazer cumprir suas prerrogativas, ou tudo terá sido mera rebeldia. Em tese, voltamos a se conclamar o adentro do parlamentarismo, onde o presidencialismo ligado à corrupção é uma das raízes das crises em todos os aspectos.
Antônio Scarcela Jorge.

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