Atuação pouco inspirada e vitória magra sobre a Sérvia despertaram
críticas. Mas apesar das vaias, o retorno à cidade da estreia até teve seu lado
positivo.
Em uma sexta-feira completamente
caótica, com direito a greve no metrô, chuva forte e trânsito recorde em São
Paulo, o público paulista deixou os problemas para trás e lotou o Morumbi para
apoiar a seleção brasileira a seis dias da estreia da Copa do Mundo. Os mais de
67.042 torcedores presentes demonstraram boa vontade com a equipe dirigida por
Luiz Felipe Scolari. No entanto, a atuação inconstante diante da Sérvia não escapou da histórica exigência do público paulista. Nos momentos de
menor inspiração dos atletas, a maior parte do estádio vaiou a seleção, como em
marcantes casos do passado. Seria injusto, porém, afirmar que o público jogou
contra. Bastaram algumas jogadas de efeito e o gol solitário de Fred para que
os torcedores demonstrassem afeto pela seleção. Neymar não brilhou, mas teve
muita iniciativa e fez as pazes com o Morumbi. Felipão pode até não ter
aprovado o comportamento de seus jogadores, mas não teve motivos para reclamar
da torcida – e, de fato, ele não se queixou do público depois do jogo.

Cena curiosa - Empurrado
pelas arquibancadas, o jogador do Barcelona arriscou uma sequência de jogadas
individuais e tentou incendiar a partida, como fez em Goiânia contra o Panamá.
Assim como Neymar, a torcida tentou fazer sua parte na primeira etapa. A cada
ataque ou jogada de efeito, aplausos e gritos de “Brasil” foram ouvidos. O
apoio foi maior, inclusive, do que o recebido em Goiânia, na última terça. A
paciência do torcedor paulista, porém, durou apenas 45 minutos. Após uma
atuação fraca na primeira etapa, a seleção deixou o campo vaiada por quase todo
o estádio. No segundo tempo, a seleção demorou a engrenar e os protestos
rapidamente recomeçaram. Em uma cena curiosa, a torcida gritou o nome de Luis
Fabiano, artilheiro do São Paulo, o dono do estádio. Ironicamente, o protesto
aconteceu minutos antes de Fred marcar o gol da vitória e enfim aliviar a
tensão. O gol alegrou os fãs, que ainda comemoram o gol de Hulk, erroneamente
anulado.

A exigência dos paulistas com
equipe nacional é bastante antiga. Em 1970, o técnico Zagallo deixou Pelé no
banco no empate em 0 a 0 contra a Bulgária e o Morumbi inteiro chiou. Em 2000,
as críticas foram ainda mais impiedosas: inconformados com a má atuação do time
contra a Colômbia, os torcedores atiraram suas bandeiras no gramado em forma de
protesto. No fim, O Brasil venceu por 1 a 0 com gol de Roque Júnior, mas a cena
que ficou para a história foi a “chuva de bandeiras” no Morumbi. A equipe
voltará a campo na cidade em apenas seis dias, desta vez no Itaquerão. A
seleção estreia na Copa do Mundo, diante da Croácia, na próxima quinta-feira. O
time ainda pode disputar a semifinal do torneio na cidade, mas essa é uma
hipótese que não agrada muito à seleção – afinal, isso só ocorreria caso o
Brasil avançasse à segunda fase como segundo colocado do Grupo A, um cenário
que significaria, evidentemente, uma trajetória muito atribulada e muito
nervosismo logo nos três primeiros jogos.
Fonte: Agência Brasil.
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