Janot diz que deixar ao Congresso essa decisão poderia causar ‘polêmicas
insolúveis’
BRASÍLIA — O procurador-geral da
República Rodrigo Janot defendeu nesta quarta-feira, em um parecer enviado ao
Supremo Tribunal Federal (STF), que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) de determinar uma nova distribuição no número de deputados por estado é
“mais lógica e coerente” do que a do Congresso Nacional, que procura manter a
divisão.
“A interpretação mais coerente
parece ser a de o TSE, que tem funções administrativas no âmbito eleitoral,
realizar os cálculos”, escreveu Janot.
No parecer ao STF, o
procurador-geral da República alertou para riscos de polêmicas ou decisões
arbitrárias caso o Congresso vote a distribuição de seus próprios
representantes.
“Atribuir aos representantes a
discussão a respeito da distribuição das próprias vagas poderia conduzir a
polêmicas insolúveis ou a arbitrariedade das bancadas majoritárias, em
detrimento das minoritárias”. Janot disse que se a interpretação correta fosse
a de que a questão caberia ao Congresso, que “ele já o teria feito” em Lei
Complementar anterior. Janot conclui que é “legítimo e compatível com o sistema
de interação entre os poderes” que esse debate não aconteça nas casas
legislativas.
ADAMS:
CONGRESSO TEM DE FAZER SEU PAPEL
Luís Inácio Adams, ministro da
Advocacia Geral da União (AGU), também falou sobre o assunto. Para ele é
importante julgar com celeridade a questão. Ele disse que o TSE cumpriu a lei e
o Supremo julgará se a delegação dada pelo Congresso ao TSE é válida ou não.
Ele afirmou ainda que é difícil antecipar qual será o resultado, mas que alguns
ministros que ele conversou acreditam que a lei (que delegou ao TSE) foi um
excesso. Adams diz que a AGU tem a obrigação de, como curador, fazer a defesa
da lei, mas que ele, pessoalmente, não acha correta a delegação dada pela lei
aprovada pelo Congresso ao TSE. Para o ministro da AGU, o Congresso tem que
exercer seu papel.
No último dia 27, o TSE
contrariou decreto legislativo que conservava o número atual de deputados
federais e estaduais para o pleito deste ano, bem como a divisão de eleitos por
unidade da federação. O presidente do tribunal, ministro Dias Toffoli,
argumentou que o decreto legislativo teria que ter sido aprovado até outubro do
ano passado, um ano antes das eleições, e que o Congresso só poderia revogar a
resolução do TSE por lei complementar ou decisão do STF, que já tem ações
contra a resolução do TSE e vai dar o parecer final.
Com a decisão do TSE de
considerar dados populacionais de 2010, e não de 1998 como aprovou o Congresso
em novembro do ano passado, haveria mudanças em treze estados. Cinco teriam
mais cadeiras (Amazonas, Ceará, Minas Gerais, Pará e Santa Catarina), e oito
teriam menos deputados (Alagoas, Espírito Santo, Paraíba, Paraná, Pernambuco,
Piauí, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul).
Fonte: Agência O Globo.
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