COMENTÁRIO
Scarcela
Jorge
CORPORATIVISMO
POLÍTICO.
Nobres:
A sociedade já percebeu que os
políticos estão fabricando ameaças que certamente logo se esvaziam em função da
falta de credibilidade renovada a cada ação que estão sendo tomada junto às
casas do parlamento brasileiro. Centenas de exemplos similares nos colocam a
lume dessas excrescências. Ações são retomadas próprias de uma sociedade
política que ao longo dos anos se tornam imutáveis nos conceitos dos segmentos
representativos da nação. Retomando os primórdios da nossa história, para se
instar que antes mesmo de descoberto, o país tinha sua integridade territorial
já garantida pelo Tratado de Tordesilhas, e até hoje essa tem sido a prioridade
absoluta dos governantes. A construção, nesse espaço, de uma sociedade
equitativa, capaz de garantir a sua intangibilidade e progresso, ficou sempre
relegada ao segundo plano. De colônia espoliada a Reino Unido, de monarquia a
república, e desta às mais diferentes e estúpidas formas de tutelagem, nosso
tecido político manteve-se desfiado, fragilizado pelo horror das elites à
isonomia e à igualdade. O inimigo mais recente chega desembestado, açulado
pelos mais desagregadores instintos: o corporativismo e seus bastardos o
casuísmo e o revanchismo. Todas as crises que nesse momento se amontoam na
pauta política, institucional, econômica e social estão intoxicadas pela mesma
matéria-prima que nos anos 20 do século passado exibia-se gloriosamente como a
obra máxima do fascismo italiano. O corporativismo é uma construção medieval
atualizada pela mente doentia de um ex-socialista chamado Benito Mussolini,
cuja única ambição era reviver a pax romana: acabar com o debate político, a
disputa social, a concorrência, o processo eleitoral e os demais instrumentos
democráticos. No tapa, à base da truculência e da intimidação. A ofensiva para
manietar a suprema corte retirando-lhe o principal atributo de intérprete da
Constituição, o esforço para emascular o Ministério Público (até há pouco a
menina dos olhos das forças progressistas), a surpreendente reviravolta no
processo eleitoral estrangulando as tentativas de ampliar o espectro ideológico
(contrariando os recentes estímulos aos partidos de aluguel) e até mesmo o
torpedeamento inicial da Medida Provisória dos Portos saíram dos mesmos
laboratórios. De forma coordenada ou por coincidência, fruto de um único
bonapartismo ou de múltiplas jogadas individuais, obra de uma facção política
hegemônica ou nivelada pelas piores vocações, o que se descortina no momento é
um enorme território igualmente brutalizado pelo retrocesso. O ideal
corporativo é um Estado anestesiado, inerte, incapaz de reagir às provocações e
perigos. A atual sanha corporativista-revanchista, além de rudimentar, deixa
mal a nossa presidente Dilma Rousseff, que há poucas semanas, certamente
inspirada por algum adversário de Maquiavel, sugeriu que antes das eleições
vale o diabo. Essas correntes sobrepõem às razões e a racionalidade de quem tem
o comando outorgado pela soberania popular e vale para os estados e municípios.
O Maquiavel considerando antes que não tenha consciência do conceito
ideológico, é bem assemelhado - dentre outras - tem um elevado poder de
fascínio perante a transitoriedade de seus gestores; apresenta um rosário de
planos inconsequente e se sobrepõe a ordem e a sua palavra de mentiras que são
fortalecidas pelo seu poder de “encantamento” pela cegueira dos gestores certamente
caíram no “conto do bajulador” antes promovendo a discórdia com intuito de se
“dar bem”.
Antônio Scarcela Jorge.
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