segunda-feira, 15 de abril de 2013

COMENTÁRIO - 15 DE ABRIL DE 2013



COMENTÁRIO
Scarcela Jorge

TRAMA A VISTA

NOBRES:
A altercação da PEC 37 parece uma disputa entre promotores e delegados. Essa mudança quer retirar do Ministério Público (MP) o direito de investigar, deixando-o como matéria exclusiva da Polícia Civil. O pano de fundo é a possível existência de uma excessiva concentração de poder no MP. Parece, mas não é. No cerne dessa proposta do deputado Lourival Mendes, esconde-se uma safadeza das grossas. Esqueça-se de investigação de “bagrinhos”. As cadeias estão cheias deles. O ponto central é a investigação do crime organizado, dos crimes de “colarinho branco” e da Lei da Ficha Limpa. A classe média pode ter nojo de política. Os corruptos, pelo contrário, gostam e despejam nela muito dinheiro. Delegados e promotores são recrutados por concurso público. Há bons e maus promotores e delegados, porém, há uma importante diferença no exercício profissional. Os policiais são subordinados ao Executivo. Exercem a política de segurança pública do grupo político dominante. Podem ser promovidos, removidos ou rebaixados em função da avaliação política de seu desempenho. O Ministério Público é um órgão de Estado, com atuação autônoma. Administrado, exclusivamente, por membros da entidade. Ao governador do Estado cabe apenas escolher um, dentro de uma lista tríplice previamente apresentada pela instituição. Não podem ser transferidos de modo arbitrário, nem ter seus salários reduzidos. Do ponto de vista da sociedade, sairemos fortalecidos ou enfraquecidos se ela for aprovada? Quem tem mais condições de resistir às pressões? A propósito, a Constituição de 1988 fará 25 anos. Quantos casos de abuso de poder foram praticado pelo MP em todo esse período? O silêncio é a resposta. É inacreditável quando se estima a lógica da razão e, ao mesmo tempo: é possível acreditar em e tratando do Brasil político.
Antônio Scarcela Jorge

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