TRANSPARÊNCIA. A "CAIXA PRETA" DAS VERBAS DE PARLAMENTARES DO CEARÁ.
Política: No centro de casos que
terminaram na renúncia de dois vereadores, a verba de desempenho parlamentar
tem feições de "caixa preta" no Ceará, com dados restritos para a
população.
Pivô da queda de dois vereadores de Fortaleza em pouco
mais de um mês, a Verba de Desempenho Parlamentar (VDP) ainda segue com feições
de “caixa preta” no Ceará. Recurso destinado a manter gabinetes de parlamentares,
a VDP está hoje sob a mira da Justiça e é objeto de divulgação nebulosa ou de
difícil acesso em páginas das principais casas legislativas do Estado.

Sem o acesso livre do cidadão aos dados, denúncias
contra uso irregular da verba acabam restritas ao Ministério Público (MP) e aos
Tribunais de Contas. Em vigor desde 2012, a Lei de Acesso à Informação (Lei
12.527/11) tem como uma de suas bases o estímulo a ampliação do controle social
de gastos públicos.
Em outubro do ano passado, o vereador A Onde É (PTC)
foi alvo de denúncia de uso irregular da VDP. Entre as acusações, o parlamentar
teria realizado compra irregular de combustíveis e serviços de impressão,
chegando até a “presentear” casal de amigos com lua de mel no Rio Grande do
Sul. Com maior controle e pressão popular, irregularidades do tipo poderiam ser
coibidas, avaliam especialistas.
Sem transparência.
“É dever da Câmara promover, independentemente de
requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso de informações de
interesse coletivo”, diz a Lei de Acesso à Informação da Câmara Municipal de
Fortaleza. Apesar do texto, o Legislativo da Capital ainda apresenta nível mais
baixo de transparência entre Assembleia e Câmara Federal.
Por duas vezes, O POVO tentou ter acesso aos gastos da
VDP de cada vereador de Fortaleza. A reportagem tentou inclusive entrar com
pedido segundo a Lei Federal de Acesso à Informação – que acabou rejeitado no
protocolo da Casa. Na outra vez, foi encaminhada à assessoria de imprensa da
Casa, que não respondeu os dados pedidos.
Na página da Câmara na internet, não é possível ver
qualquer dado individual sobre o uso dos recursos – de até R$ 21,7 mil para
despesas mais R$ 43,5 mil para contratação de assessores. Na prática, nenhum
cidadão pode saber quanto seu vereador gastou em, por exemplo, locomoção
durante o mês. Atualmente, diversos vereadores são investigados por conta da
VDP.
Na Assembléia, situação possui melhora, mas ainda é
sujeita a restrições. Em seu portal, o Legislativo estadual divulga gastos
gerais dos deputados com a VDP – de R$ 29 mil para despesas mais R$ 69 mil para
contratações.
As informações, no entanto, são apresentadas apenas
com rubricas genéricas, sem precisar que pessoa física ou jurídica que recebeu
os recursos da verba da Casa.
Fonte: O POVO.
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