COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.TÁTICA DOS IMPLICADOS.
Nobres:
Neste Brasil recheado de corruptos no governo tendo o
principal aliado nesta questão, o nefasto e desprovido de caráter, senador
Fernando Collor, naturalmente vem sucedendo o óbvio e, bem manjado pela sociedade ética.
Aconteceu com ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa foi atacado duramente por
setores inconformados com as investigações e as punições do mensalão, agora os
acusados da Operação Lava-Jato tentam desqualificar o juiz Sergio Moro e o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Não passa dia sem que se levante
algum questionamento sobre a atuação dos responsáveis pela investigação do
maior escândalo de corrupção já registrado no país. O magistrado tem sido
acusado de exibicionismo, de arbítrio e até de comprometimento político. O
procurador que nesta semana passará no Senado por uma sabatina decisiva para
sua recondução ao cargo começou a ser atacado pelos parlamentares denunciados,
que o acusam de fazer o jogo do governo. Desqualificar o denunciante é uma
estratégia antiga, que invariavelmente diz mais sobre o caráter dos detratores
do que sobre eventuais desvios de quem acusa. Talvez até caiba debate jurídico
sobre o rigor do magistrado responsável pela Lava-Jato, que tem arrancado
confissões de suspeitos sob a pressão de encarceramentos prolongados e faz uso freqüente
do instrumento da delação premiada. Mas é inegável que suas ações levantaram o
véu da corrupção histórica que dilapidava a Petrobras, levando às barras da
Justiça corruptos e corruptores de variados calibres, posições sociais e
filiação partidária. Depois da localização e da devolução de volumosos recursos
públicos subtraídos pelo esquema delituoso, nem mesmo o mais inconformado dos
réus pode alegar que os fatos são inverídicos. Quanto ao procurador, é
importante lembrar que, antes de denunciar o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha, e o ex-presidente e senador Fernando Collor, ele já solicitara ao
Supremo a investigação de mais de quatro dezenas de políticos de pelo menos
cinco partidos. Não cabe, portanto, a acusação de parcialidade. Compreendem-se
as maledicências plantadas nas redes sociais por partidários dos suspeitos
investigados ou denunciados. O que não se pode aceitar é a tentativa
escancarada de desmoralizar os investigadores e muito menos qualquer tipo de
retaliação por parte de parlamentares contrariados com as denúncias. Por isso,
tanto a campanha de desqualificação quanto o julgamento parlamentar devem ser
acompanhados com atenção pela população brasileira, que vem demonstrando
inequívoco apoio ao juiz e ao procurador nas suas ações pela restauração da
ética na administração pública. Essas questões tornam-se defesa de segmentos
aliados de quaisquer elementos em prol da ação, pelo menos meritória em alusão. Cada um se procura e se entende.
Antônio
Scarcela Jorge.
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