FAXINA ÉTICA EXIGE UM FAXINEIRO ÉTICO.
Gálter George.
Vou fugir da discussão sobre a quantidade de gente que
saiu às ruas ontem para demonstrar inconformismo e até revolta com a situação
do País, mais ainda com o governo da presidente Dilma Rousseff. Independente de
ter sido mais ou menos do que nas vezes anteriores, certo é que foi uma nova
demonstração de que a sociedade espera uma faxina profunda na política, ponto
no qual começa a nascer na minha cabeça uma dúvida, embutida por uma crítica. A
operação Lava Jato é um dos combustíveis mais explícitos da onda de indignação
nacional que tem se transformado na série de manifestações que lotaram as ruas
de várias cidades, nos últimos meses.
Em si, uma demonstração importante de
saúde da democracia brasileira, tanto a investigação como as ruas tomadas pelos
indignados. Mas, voltando à cobrança, excluir do foco dos protestos o
presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, padece de uma explicação lógica
aceitável. A presidente Dilma Rousseff, que muitos querem afastada, o
ex-presidente Lula, que vários dos manifestantes gostariam de ver presos, dois
dos alvos principais das ruas que protestam, aparecem citados até agora na Lava
Jato de uma maneira indireta. Ao contrário de Cunha, acusado por um dos
delatores de ter exigido dele presencialmente, de viva voz, 5 milhões de
dólares da propina que era generosamente dividida pelo esquema corrupto que
sangrava a Petrobras. Poupar o presidente da Câmara porque ele pode ser
fundamental para o impeachment de Dilma não parece uma atitude à altura do
rigor ético apresentado pelos que lideram o movimento pela faxina na política
nacional. Ao contrário, só ajuda a confundir os objetivos da luta política que
protagonizam.
* Guálter
George, editor-executivo de Conjuntura.
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