COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
AS VICISSITUDES DOS PARTIDOS POLÍTICOS
Nobres:
Terminado o prazo de filiação
partidária para candidatos que pretendem concorrer a cargos públicos no ano que
vem, percebe-se que a maioria dos partidos convocou para seus quadros pessoas
de pouca ou nenhuma relação com a política, mas com potencial de popularidade
suficiente para conquistar votos de segmentos específicos do eleitorado. Os
clubes de futebol, especialmente aqueles que contam com grandes torcidas, estão
novamente entre os mais requisitados: presidentes, jogadores e treinadores já
assinaram a súmula para ingressar no jogo da política. Mas, como ocorre
habitualmente na antevéspera de pleitos eleitorais no país, artistas de tevê,
atletas, participantes de reality shows, comunicadores, empresários, religiosos
e parentes de políticos conhecidos também se registraram para tentar um lugar
ao sol da política. Num país em que o voto de protesto em candidatos
folclóricos costuma proporcionar grandes votações, como foi recentemente o caso
do palhaço Tiririca, não é de estranhar que as legendas se voltem para os famosos,
independentemente da experiência política ou da vocação para o exercício de
cargos públicos. Ainda assim, esse tipo de escolha não pode ser debitado apenas
no descomprometimento de parte do eleitorado com a escolha de governantes e
representantes parlamentares. Também pode ser atribuído ao desencanto dos
cidadãos com políticos tradicionais, que, embora capacitados ao exercício de
suas funções, nem sempre primam pela eficiência e pela integridade. Além disso,
nada impede que estranhos no ninho da política cumpram satisfatoriamente seus mandatos.
Difícil de entender é a aposta das agremiações partidárias em subcelebridades
de potencial mínimo para a atividade política, que conquistaram fama repentina
muitas vezes mais por seus dotes físicos do que propriamente por qualquer
atitude ou visão social. Trata-se, neste caso, de uma visível tentativa de
enganar o eleitorado. Por isso, neste contexto de oportunismos e exploração da
fama, cabe ao eleitor evitar armadilhas e transformar o seu voto num
instrumento efetivo de cidadania. Como? Em primeiro lugar, buscando informações
consistentes a respeito dos candidatos. Em segundo, evitando deixar-se levar
pela emoção ou por simpatias superficiais, considerando que seu desafio
eleitoral não é eleger a mais bela nem o mais engraçado, mas sim conceder uma
procuração para alguém tomar decisões importantes em seu nome. O voto é um
direito democrático precioso demais para ser desperdiçado em protestos e
extravagâncias. É um compromisso avalizado pelo eleitor e não ser transformado
em chacota.
Antônio Scarcela Jorge.
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