ARTIGO
DE SEGUNDA
Antônio Bezerra Campos
Antônio Bezerra Campos
LA PAZ NO TRÂNSITO
São Cristovam, cientista, cético,
rogaria:
Que a paz no trânsito não seja
transitória.
Outro candidato a santo,
Também com ar de espanto,
Querendo entrar pra história.
Decerto repetiria.
Que o diga, sem palavras,
Miquéias. Paz.
Simplesmente, paz.
Como é que ele diria?
Com um aceno, um chavão,
Com uma bandeira branca.
E um corpo estendido no chão.
Cadáver de homem calvo,
Sem camisa,
Num pé um tênis de marca.
No outro meio três quarto.
Camiseta de campanha
Junto a uma bicicleta.
Talvez se trate de atleta.
No bolso, papéis, escritos,
Feito coisa de poeta.
Quem sabe, parlamentar.
Quem souber vai lamentar
Principalmente a família.
Será que era casado?
Era, um santo, coitado!
O refrão das carpideiras.
já era, botavam pilha.
Mutuário da Encol,
Coberto com um lençol alvo,
Nele coisas desenhadas.
A mão e a inscrição
"Paz no trânsito".
Contudo e, no entanto, atônito,
Quem sabe, Se o sentido mudasse.
Quiçá, nem mesmo assim
Você se sensibilizasse.
Quem sabe, já era tarde.
Você descansava em paz.
Pela falta de paz no trânsito
A inscrição "aqui jaz".
E aí, já era.
Que chato né?
*Antônio Bezerra Campos -
novarrussense – residente em Brasília – advogado – poeta e jornalista.
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