COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
POLÍTICOS
IMORAIS
Nobres:
Um adágio eloquente referente ao
nosso País – “o País das maravilhas corruptas” que evidenciou mais um cotidiano
de desleixe e safadismo. Por mais de 2 mil políticos eleitos no ano passado,
muitos dos quais empossados como prefeitos e vereadores, foram flagrados pelo
Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) como beneficiários do programa Bolsa
Família no primeiro semestre do ano. Depois de fazer o cruzamento dos dados da
folha de pagamento do programa com a base de informações das eleições
municipais fornecida pelo Tribunal Superior Eleitoral, o governo constatou as
irregularidades e suspendeu o pagamento dos benefícios. Mais: determinou o
ressarcimento do dinheiro recebido indevidamente pelos beneficiários eleitos. É
uma resposta branda para quem pratica a gatunagem inserida no programa que
estabelece o mínimo de concentração da miséria absoluta no país. A regra é
clara: de acordo com o artigo 25 do decreto que regulamenta o Bolsa
Família, o beneficiário perde o direito ao recebimento quando ocorre “posse em
cargo eletivo remunerado, de qualquer uma das três esferas de governo”. Muitos
políticos, porém, simplesmente ignoraram a norma e continuaram recebendo o
auxílio social mesmo depois que a renda familiar elevou-se consideravelmente
com os vencimentos correspondentes ao cargo público. Até pode haver algum caso
de desconhecimento, que achamos difícil que venha ocorrer, considerando-se a
precariedade de algumas administrações municipais e parlamentos em regiões mais
remotas do país. Todavia a maioria dos casos resulta da falsa esperteza de quem
se acha no direito de se apropriar de dinheiro público. O episódio contribui
para o descrédito da classe política, mas também evidencia a dificuldade dos
administradores do programa em manter um controle rígido dos benefícios, para
que espertalhões não comprometam um sistema que favorece tanta gente
necessitada. Os políticos flagrados com a mão na bolsa deveriam não apenas
devolver o que receberam irregularmente, mas também serem submetidos a processo
de revisão de seus mandatos. Possibilidade remotíssima em se tratando de punir
os corruptos.
Antônio Scarcela Jorge.
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