COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
POLÍTICA AFERRADA
Nobres:
É
inegável constatar o progresso que a nação alcançou nesse período. Idêntica
abertura de apreciação também permite verificar onde o país parou. Citamos, por
exemplo, às reformas estruturais, especialmente a tributária, a política e a
revisão do pacto federativo. Estamos com pelo menos 20 anos de atraso nesses
assuntos. A sociedade inquieta no momento esteve presencial de todo esse nó; um
nó que não desatou. Nos mandatos de Fernando Henrique, Lula e Dilma, até houve
incipiências em relação às reformas. Mas nenhum dos presidentes, por mais que
pessoalmente desejassem fazer as mudanças, conseguiu vencer as resistências. Inclua-se
nesse rol de estagnações o gargalo da nossa infraestrutura. Vivemos um colapso
no trânsito em quase todas as cidades, grandes e pequenas e até nas rodovias quando ocorre o fluxo de
veículos próximos aas grandes metrópoles nacionais. Por desses desleixes o
governo emperrou o progresso e permitiu que uma lerdeza incompetente e
burocrática vencesse a urgência das obras. É um preço que ainda a sociedade
brasileira irá pagar durante muitos anos até virar esse jogo. O preço de os
governos não terem planejado o país para o tamanho que ele poderia ter. Cabe
por evidência o atual governo que padronizou ações da política partidária elo
de sustentação e de possível permanência do poder por muitos anos a troco da
corrupção como elemento de “essência”. Isso tudo deixa evidente que o debate
das próximas eleições presidenciais precisa olhar para frente, enxergar as
necessidades reais e inaugurar novas matérias, sem ficar refém da gangorra
artificial que se criou entre as heranças tucana e petista diante dessa espécie
de bipartidarismo em que querem enquadrar a todos. Todavia, entendo que tal
simplificação gera uma interpretação obtusa e incompleta da realidade. Ou mesmo
demagógica. Um novo alento dá a sociedade racional e que entende de política
como elemento fundamental abdicando a ânsia partidária abrindo uma alternativa
inovadora ocasionada pela aproximação entre Marina Silva e Eduardo Campos
conseguirá ajudar a fazer esse aprimoramento do debate, só o tempo e a postura
dos candidatos dirão. O correto é que, para além de quaisquer escolhas
eleitorais, o Brasil precisará olhar para o horizonte, muito mais do que para o
passado, em 2014. Reconhecendo conquistas, sem dúvida, mas especialmente
enfrentando o que precisa ser enfrentado: seu contraditório sistema político,
seu monstruoso sistema tributário, seu centralizador pacto federativo e sua
esgotada infraestrutura. Recuperar a representatividade dos partidos e da
política passa por isto: ir direto ao ponto fundamental que sejamos evoluir a
cultura e desenvolvimento político da nação.
Antônio Scarcela Jorge.
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