sábado, 19 de outubro de 2013

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 19 DE OUTUBRO DE 2013

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge.
CRIAÇÃO DE MUNICÍPIOS.

Nobres:
É por demais um emaranhado dúbio e incongruente no cenário político do País a recente aprovação pelo Senado que transfere do âmbito da união para os Estados brasileiros a prerrogativa de criação de municípios. No momento em que as prefeituras perderam a capacidade de investir e mal conseguem se manter deveriam servir de alerta e inspirar atitudes de bom senso em quem pretende criar novos municípios no Brasil. Mas não é o que se percebe, com uma notícia que, por si só, já deveria provocar indignação nacional e manifestações de rua. O Senado acaba de aprovar um projeto que abre caminho para a criação de mais 180 municípios e os 30 mil novos cargos públicos que tais administrações exigiriam. Mesmo que parte dos senadores acredite que o projeto não chega a estimular desmembramentos, o certo é que, a partir de agora, se a lei tiver a sanção presidencial, poderá ser utilizada para a disseminação de novas prefeituras. Espera-se que, na aplicação da lei, prevaleça a interpretação de outra parte do Congresso, segundo a qual os pretendentes a novos municípios terão de se submeter a trâmites rigorosos, até o desfecho dos movimentos separatistas. Porém, como este é o país do jeitinho, principalmente, nos parlamentos, quem irá travar a onda emancipatória? O que não pode se repetir é a proliferação de comunidades autônomas, como ocorreu nos anos 90, quando vilarejos passaram a sobreviver na penúria, simplesmente porque algumas de suas lideranças almejavam chegar a postos de comando. As exceções são insuficientes para sustentar o discurso dos idealizadores de cidades precárias. A situação financeira dos municípios brasileiros é deplorável, de acordo com informações das próprias entidades que os congregam. Inúmeras prefeituras são incapazes de produzir receitas que as sustentem. Tanto que, conforme estudo do governo federal, dos 5.570 mil municípios do país, em 56% a arrecadação própria gerada representa apenas 10% das receitas. Almejar autonomia, nesse contexto, significa querer ampliar o número de prefeituras cuja existência é um meio e um fim, sem qualquer conexão com a realidade dos moradores das áreas emancipadas. Manifestar-se basicamente que se tornará mais uma aberração dos políticos que por ora seja a alternativa da manutenção das oligarquias imperiosas neste país.

Antônio Scarcela Jorge.

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