SENADO TEM DE ADAPTAR 'SUPERSALÁRIO' AO TETO DO
FUNCIONALISMO, DECIDE TCU.
Prazo é de 30 dias. TCU também aprovou devolução de
valor pago a mais. Maior remuneração no setor público é a de ministro do STF
(R$ 28 mil).
O
Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu em julgamento nesta quarta-feira (25)
dar 30 dias para que o Senado Federal reduza os vencimentos dos servidores da
Casa que ganham acima do teto do funcionalismo. Pela Constituição, o salário
máximo permitido no serviço público equivale ao subsídio de um ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF), atualmente em R$ 28 mil. A maioria dos
ministros também decidiu que os 464 funcionários do Senado que recebiam os
chamados "supersalários" em 2010, ano em que foi realizada a
auditoria, terão de devolver aos cofres públicos os valores recebidos a mais
desde 2008. Segundo estimativa do TCU, esse montante acumula cerca de R$ 300
milhões. Entre as punições estipuladas em caso de descumprimento, a decisão
prevê multa de R$ 40 mil para dirigentes do Senado. No início da noite, a
assessoria da Presidência do Senado divulgou nota em que informa que a decisão
do TCU será cumprida "imediatamente". "O presidente Renan
Calheiros informa que, em face da decisão adotada hoje pelo Tribunal de Contas
da União, o Senado Federal irá implantar imediatamente a redução da remuneração
dos servidores da instituição ao limite constitucional", diz o texto da nota.
Em agosto, o TCU já tinha dado 60 dias para a Câmara dos Deputados cortarem os
vencimentos de mais de mil servidores e adaptá-los ao limite do teto do
funcionalismo. Mas não determinou a devolução do que foi pago a mais. De acordo
com o tribunal, o Senado paga de forma indevida, anualmente, R$ 157 milhões,
dos quais R$ 60 milhões somente em salários acima do teto. A diferença se
refere a outros pagamentos considerados irregulares pelo TCU, referentes a
horas-extras, horas não trabalhadas e acúmulo de cargos indevidamente. A estimativa
dos auditores do TCU informou a assessoria do tribunal, é de que estejam
irregulares aproximadamente 10% da folha de pagamento do Senado, de R$ 1,5
bilhão por ano (soma dos salários de servidores e parlamentares). O processo
que analisou a folha de pagamento do Senado foi relatado pelo ministro Raimundo
Carreiro, ex-secretário-geral da mesa diretora do Senado. Em seu parecer,
Carreiro sugeriu que a direção do Senado cortasse os salários dos servidores
que recebem acima do teto constitucional, mas não previa devolução de dinheiro
aos cofres públicos. Mas, durante o julgamento, o ministro Walton Rodrigues
apresentou um voto em separado que, além do corte dos
"supersalários", também estabelecia a devolução dos recursos pagos a
mais. O relatório de Rodrigues obteve quatro votos; o de Carreiro, dois. Os
chamados "supersalários" são decorrência do entendimento do
Legislativo de que o pagamento por função comissionada não entra no cálculo
para adaptar as remunerações ao teto constitucional. Segundo o presidente do
TCU, ministro Augusto Nardes, as decisões do tribunal em relação a Câmara e
Senado devem gerar economia anual de aproximadamente R$ 700 milhões por ano (R$
500 milhões da Câmara e R$ 200 milhões do Senado). “O Brasil precisava fazer
isso há muito tempo. entendemos que não podemos continuar com salários
diferenciados, de certa forma pessoas ganhando salários de marajás, em relação
a cidadãos que recebem salário mínimo”, avaliou o presidente do TCU. - Nardes
informou que agendou uma audiência para a manhã desta quinta (26) com o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). No encontro, o presidente do
TCU pretende entregar cópia do acórdão do tribunal que detalha a decisão de
cortar os supersalários e prevê a devolução dos valores pagos acima do teto.
Supersalários da Câmara
Em
agosto, o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN),
afirmou que iria analisar "caso a caso" antes de cumprir a decisão do
TCU. A Câmara tem até o dia 14 de outubro para se adequar à determinação do
tribunal. Conforme auditores do TCU, o prejuízo aos cofres da Câmara com o
pagamento de salários irregulares soma R$ 517 milhões por ano. Nas contas dos
técnicos da corte de fiscalização, 18,75% dos gastos da casa legislativa com
pessoal estão irregulares.
Fonte: G1.
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