Para o historiador Boris Fausto, a admissão dos embargos pelo Supremo
produz "incertezas" e "decepção" às pessoas que lutaram
pela conclusão do julgamento nessa etapa.
O julgamento em seu conjunto foi
muito positivo, mas esse final produziu incertezas, dúvidas e decepção a
pessoas que lutaram pela conclusão do processo a essa altura. E, como houve a
intervenção de ministros que não participaram do primeiro julgamento, houve
problemas nessa fase.
- Quais problemas?
- Coube à presidente da República
praticamente indicar juízes. Naturalmente ela iria buscar alguém que tivesse
pontos de vista que se coadunassem com a perspectiva do Planalto. Não estou
dizendo que houve pressão, que os novos ministros não se comportaram bem. Mas é
claro que houve uma nomeação de ministros que se coadunavam com aquilo que
pensava o Planalto. Isso é problemático.
- Como sai o STF dessa etapa?
- Na opinião pública, a imagem do
Supremo fica arranhada. Mas a gente tem de tomar em consideração o conjunto da
atividade, sem personalizar, e ver que isso seria injusto. O Supremo teve uma
atuação lenta, mas muito eficaz, num processo que quando começou todo mundo via
com muito ceticismo.
- A admissão dos embargos
decepciona o senhor?
- Não, porque já esperava. Vejo
com decepção que tenhamos uma lei que inteiramente contrária à nossa realidade
social demográfica, que expulsa das instituições pessoas que aos 70 anos tinham
condições de fazer um papel importante no serviço público.
- Eleitoralmente, quais as
consequências da continuidade?
- O contágio haverá, mas não é
imenso. Outras coisas vão influir. Emprego, inflação.
- Essas coisas do mundo real, que
implicam diretamente a vida da população pobre.
(transcrição)
Fonte: O Estadão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário