terça-feira, 17 de setembro de 2013

COMENTÁRIO - SCARCELA JORGE - 17 DE SETEMBRO DE 2013

COMENTÁRIO
Scarcela Jorge

EM BUSCA DA REFORMA

Nobres:
No Brasil, são muitas as evidência de que, ao se eleger, um gestor público começa, desde o momento em que assume, a construir as condições para que possa almejar uma segunda chance. No momento de emplumação da sociedade ensejada as manifestações populares indo às ruas de quase todos os núcleos urbanos deste país, possibilitou os avanços no debate de aspectos decisivos para a concretização de uma reforma política no Brasil. Recentemente, grupo de trabalho da Câmara dos Deputados chegou a um consenso sobre o fim da reeleição para cargos executivos e sobre a realização dos pleitos em um só dia. Trata-se, por enquanto, de um entendimento restrito a parlamentares que se dispuseram a levar adiante o encaminhamento de propostas. As conclusões do grupo ainda devem ser submetidas às comissões permanentes da Câmara e do Senado, percorrendo um longo caminho até a votação em plenário. O que importa é que há avanços e o comprometimento de políticos de fato preocupados com a necessidade de reformular as normas referentes às eleições e à organização partidária. Há uma evidente evolução em relação à inércia que vinha caracterizando o Congresso. A questão mais relevante é a que trata da reeleição. É inquestionável que a democracia brasileira potencializou seus defeitos com a possibilidade de recondução dos ocupantes de cargos executivos. São 15 anos, desde a aprovação da emenda da reeleição, de uma experiência que não deu certo, apesar dos argumentos de que democracias sólidas permitem a reeleição de presidentes, governadores e prefeitos. O primeiro mandato se transformou, em todos os níveis de governo, em trampolim para que um político fique por pelo menos oito anos no poder. É um comportamento que se dissemina, a partir de Brasília, a Estados e municípios. O aspecto mais negativo dessa estratégia é que, para concretizar o que pretende, um governante confunde prioridades, faz alianças espúrias e administra precariamente, porque sua meta é prolongar ao máximo sua permanência no cargo. A reeleição estimula a ação de siglas oportunistas, que se aliam a quem governa em troca de favores, e ajuda a formar os novos coronéis da política e suas práticas clientelistas. Os casos que não se enquadram nesse conjunto de desvios são insuficientes para justificar a manutenção do instituto da reeleição. Cabe ao Congresso detalhar uma reforma com pauta tão ampla, que inclui duração dos mandatos dos senadores, normas para formação de partidos, coligações, fidelidade partidária e coincidência das eleições gerais, da Presidência da República à escolha dos vereadores. Os parlamentares envolvidos com o encaminhamento de projetos têm a missão de sensibilizar os colegas para a urgência da reforma, ou as ações efetivas nesse sentido correrão o risco de se esgotarem, tão logo o Congresso esqueça que vem agindo ainda sob a pressão das manifestações de junho em que a sociedade vem evidenciando.

Antônio Scarcela Jorge.


Nenhum comentário:

Postar um comentário