ECONOMIA
- NÃO CREIO QUE FUTURO DO BRASIL SEJA TÃO TRISTE', DIZ
CRIADOR DA SIGLA BRIC.
‘Jim O’Neill vê desempenho como
'menos decepcionante do que dizem'.
Para o criador da sigla Bric
(Brasil, Rússia, Índia e China), Jim O’Neill, as perspectivas sobre o futuro da
economia brasileira não são negativas como as recorrentes avaliações do mercado
brasileiro apontam. - Na sexta-feira (30), o economista britânico esteve em
Campos do Jordão, durante o 6º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e
de Capitais da Bovespa, no mesmo dia em que o PIB do segundo trimestre, que
cresceu 1,5%, foi divulgado pelo governo. - “Não creio que o seu futuro seja
tão triste como ouvi hoje nas apresentações [do congresso]. Creio que o
crescimento do Brasil no longo prazo tende a ser de 4% ao ano. Quando falo de
Brasil, eu, pessoalmente, acho que o desempenho do crescimento do Brasil é
sempre menos decepcionante do que dizem. Verifiquei que, quando criei a sigla,
o crescimento era menor. Em 2001 quando a sigla foi criada, 2002 e 2003, o
crescimento médio foi de 1,7%. Presumindo o crescimento deste ano, o avanço de
2011, 2012 e 2013 será maior, de 2%. As pessoas parecem estar esquecendo que as
economias são feitas de ciclos”, disse O’Neill, PhD em economia e ex-executivo
do Goldman Sachs. - Os dois caminhos necessários para que suas projeções a
respeito do Brasil virem realidade passam pela necessidade de abertura da
economia e de mais investimento privado. “A economia brasileira precisa de mais
investimento e se tornar mais aberta ao exterior. É a única maneira de
conseguir o equilíbrio entre oferta e demanda. Existem bilhões de pessoas lá
fora. Se quiser se sair melhor, o país terá de se envolver com elas”, afirmou.
REAL DESVALORIZADO
Sobre a desvalorização cambial em
curso no Brasil – com a qual não se mostrou tão preocupado – O’Neill alertou
sobre a necessidade de os países emergentes utilizarem mais suas moedas e
desenvolverem seus mercados de capital diante das ações frequentes dos bancos
centrais, especialmente do Fed (banco central dos Estados Unidos), que vêm
emitindo dinheiro para estimular sua
economia. - “O trabalho do Fed é fazer crescer a economia norte-americana, não
se preocupar com o resto do mundo. Os países dos Bric falam muito e fazem pouco.
Se querem reduzir vulnerabilidade às oscilações do dólar, precisam utilizar
mais as suas moedas e desenvolver seus mercados de capital para que não haja
essa falta de dólares frente às medidas do Fed. Por isso tudo está sempre
subindo e descendo.”
BRASIL EM 2º
Frequentemente questionado sobre
a ordem de importância atual dos países incluídos na sigla Bric, o economista
citou: China, Brasil, Rússia e Índia. “O que acontece na China tem impacto mais
forte no mundo do que qualquer outro país. Se você olhar de perto, nos últimos
meses, há sinais de estabilidade. Nós devemos sempre pensar numa nova China,
que se concentra mais na qualidade do que no crescimento em si. A China atrasou
seu crescimento por vontade. As autoridades chinesas querem melhorar a sustentabilidade
e a qualidade do seu crescimento.”
Fonte: G1.
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