ESQUEMA LEVOU
NÚMERO 2 DA SECRETARIA DE PORTOS A REUNIÃO PARA BENEFICIAR OBRA.
BRASÍLIA - O secretário executivo
da Secretaria de Portos da Presidência (SEP), Mário Lima Júnior, negociou com a
quadrilha acusada de vender pareceres técnicos a liberação de um projeto de
interesse do grupo investigado na Operação Porto Seguro, da Polícia Federal. Número
2 da pasta chefiada pelo ministro Leônidas Cristino (PSB-CE), ele se reuniu com
o ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Vieira, apontado pela PF
como chefe da quadrilha, para tratar da construção de um porto privativo na
Ilha de Bagres, em Santos, a ser explorado por empresa ligada ao ex-senador
Gilberto Miranda. E marcou encontro com o ex-parlamentar, em São Paulo, em
viagem bancada com dinheiro público. "Ele (Lima) vai ao seu escritório.
Aí, você faz um contato direto. A partir de agora, o céu é o limite",
disse Vieira em conversa com Miranda, gravada pela PF. As escutas mostram o
roteiro traçado pelo ex-diretor da ANA para cooptar o secretário executivo.
Segundo a PF, o porto seria explorado pela São Paulo Empreendimentos, ligada ao
ex-senador, que tem como sócio o empresário Luís Awazu. O objetivo era que o
governo o declarasse de utilidade ou interesse público, o que dependia do aval
da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), da Advocacia-Geral da
União (AGU) e da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), além da SEP. A PF
flagrou as negociações com Lima em abril deste ano. No dia 20, ele se reuniu
com Vieira e tratou dos interesses da empresa. Os dois ligam para o ex-senador
e, com o telefone na função viva-voz, acertam encontro para seis dias depois,
em São Paulo. "Será um prazer grande", diz Lima a Miranda. Helicóptero.
De acordo com as escutas, o secretário executivo almoçaria com Vieira em
Santos. Depois, seguiria para o escritório do ex-parlamentar, que ofereceu uma
carona de luxo para a dupla: "Você não quer que eu mande o helicóptero
levar e pegar vocês?", pergunta ao ex-diretor da ANA. "Não, pelo amor
de Deus! Você quer derrubar a gente?", reage Paulo Vieira, dando em
seguida orientações para o encontro. Uma das preocupações do grupo era com a
reformulação do setor portuário, ordenada pela presidente Dilma Rousseff, que
poderia suspender os processos para a liberação de portos. Questionado pelo
ex-senador se o secretário daria a "utilidade pública", Vieira
responde afirmativamente, segundo as transcrições da PF no inquérito: "Ele
é tinhoso, mas vai dar. Vai querer que você peça... aquele negócio que todo
político quer". Miranda pergunta se o número 2 de Cristino tem interesse
político, ao que o ex-diretor da ANA explica: "Ele, não. Mas o chefe
tem". Os dois acertam, então, acionar uma pessoa identificada apenas por
"W". Segundo a PF, tratava-se do então advogado-geral da União
adjunto, José Weber Holanda, supostamente cooptado para ajudar na liberação de
parecer favorável ao negócio, em troca de propina. Naquele dia, mais tarde,
Weber e Vieira teriam se encontrado. No dia 22, ao instruir Miranda novamente,
Vieira descreve Lima e tranquiliza Miranda. "Conheço o estilo do Mário,
Gilberto. Ali nós não vamos ter problema, não. Ele vai fazer aquilo lá... É só
saber conduzir direitinho. Ele deve te pedir... aquela firula de político, mas,
moral da história", disse o ex-diretor da ANA. As escutas da PF indicam
que a reunião privada com o número 2 da SEP, de fato, ocorreu em 26 de abril,
como combinado. "Nós vamos ter o encontro hoje?", questiona o
ex-senador. "Eu não viajei, não, mas o Mário deve ter viajado. Estou indo
para aí mais tarde e nós devemos encontrar... tá mantido (sic)", responde
Vieira, horas antes do compromisso, agendado para o fim da tarde. De acordo com
o Portal da Transparência do governo, Lima recebeu 2,5 diárias, no valor de R$
1,1 mil, para viajar a São Paulo entre 25 e 27 de abril, embarcando em seguida
para o Ceará, seu Estado de origem.
FONTE: O ESTADÃO. COM.BR
OPINIÃO
Inacreditável! Fortes indícios da
“Operação Porto Seguro” desencadeada pelos órgãos de Estado brasileiro, é algo
comum e surpreendente para nação: - elementos que se diziam ‘os guardiões da
moral’ e, que ‘misticava’ por eles a manjada premissa: que seu lado “não se rouba
e nem se deixa roubar” –. Só nos resta deixar de acreditar em políticos
carreiristas – as exceções estão tornando regra-. “são mesmo farinha do mesmo
saco”
O colunista.
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